Ceará aposta nas relações diplomáticas com a China para enfrentar Covid-19

 
Na pandemia do coronavírus, o mundo inteiro corre atrás de equipamentos médicos, hospitalares e materiais de proteção para os profissionais de Saúde. Concentrando boa parte da produção mundial, a China está no olho do furacão - e as relações com o Governo Federal brasileiro têm sofrido estremecimentos neste momento crucial.
Com a elevada demanda e pelas próprias características do Estado asiático, o componente político e diplomático tem peso estratégico. E é nas boas relações a aposta do Ceará e de Fortaleza para conseguir assegurar os equipamentos. Recentemente, uma compra de 600 respiradores feita pelo Consórcio Nordeste foi cancelada unilateralmente pelo fornecedor. O Ceará esperava 200 destes equipamentos, mas as tratativas foram feitas pelo Governo da Bahia. O Governo cearense espera, a partir do dia 15, a chegada de materiais do país asiático com tratativa direta com os chineses e pagamento antecipado, inclusive.
Meheco
Há um ano, uma comitiva cearense, à frente o governador Camilo Santana, desembarcava na China em busca da compra de equipamentos e de prospectar investimentos. Na viagem, uma das agendas principais aconteceu na Meheco (Medical Health Company), que fabrica equipamentos médicos, entre eles os respiradores (foto). O Ceará tenta atrair a empresa para instalar uma fábrica no Estado há, pelo menos, três anos. No ano passado, foi fechado um acordo para que a Meheco fornecesse equipamentos para hospitais do Estado. Na oportunidade, o secretário de Saúde, Dr. Cabeto, esteve presente.
Compras
Em meio ao caos mundial e com base nos entendimentos e nas relações construídas, o Ceará tenta envolver as embaixadas, consulados e as autoridades chinesas para trazer equipamentos, entre eles um total de 700 ventiladores pulmonares adquiridos da própria Meheco. Também com base na boa relação, o Estado busca acelerar o transporte de 270 toneladas de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), além de 300 mil testes rápidos para o coronavírus, que devem chegar no próximo dia 15. "Na China, muitas vezes, o governo manda e as empresas têm que cumprir. Por isso, as relações diplomáticas, políticas, são muito importantes. E o Ceará tem feito isso desde antes", diz o assessor especial para assuntos internacionais do Estado, Cesar Ribeiro. Segundo ele, a cidade de Dalian, pelas boas relações com o Ceará, procurou o Governo para doação de EPIs.
Cooperação
Dalian, aliás, assinou um termo de cooperação, no ano passado, com a Prefeitura de Fortaleza, na área turística e esportiva. As duas cidades mantêm relação estreita, desde então, o que, acreditam os gestores públicos, está facilitando esse diálogo comercial com o País asiático. "Às vezes fica parecendo que você estreitar os laços, assinar acordos com outros locais do mundo pode ser uma coisa sem tanta visibilidade. Mas em um momento como esse, faz uma diferença enorme", diz o secretário de Governo da Prefeitura de Fortaleza, Samuel Dias.
 
O POVO

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