Idosas com suspeita de Covid-19 esperam até oito dias por leito de UTI em UPAs de Fortaleza


Pacientes internados em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Fortaleza aguardam até oito dias pela liberação de leitos de UTI para tratamento dos sintomas graves da Covid-19. Embora ainda não tenham confirmação laboratorial da doença, os casos já são tratados como suspeitos, conforme denúncias de familiares feitas ao G1

O boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), atualizado na tarde desta terça-feira (28), indica que o Ceará tem 6.982 pessoas infectadas pelo coronavírus Sars-CoV-2 e 415 mortes em decorrência da pandemia. Somente em Fortaleza, a pasta registra 5.432 testes positivos e 320 óbitos. 

A mãe do porteiro David Rodrigues aguarda um leito de UTI há exatos oito dias. Rosa Maria, de 61 anos, está recebendo assistência médica na UPA do Edson Queiroz, bairro periférico de Fortaleza, depois de o corpo apresentar sinais da Covid-19. A transferência para outra unidade que tenha o suporte, contudo, não foi possível por falta de vagas. 

O mesmo drama se repete na vida de Loides Mendes, vendedora autônoma, que admite: “eu não sei mais o que fazer”. O desabafo, envolto em incertezas, desperta indignação sempre que ela se depara com a situação da mãe de 80 anos, que depende de UTI para sobreviver. “O certo era não deixar as pessoas à míngua”, opina. 

Moradora do bairro Planalto Ayrton Senna, na periferia da cidade, Zilma Mendes de Araújo sentiu dor de cabeça e no corpo, além de febre, tosse seca e cansaço durante seis dias. Na noite do último domingo (26), foi levada à UPA do José Walter, onde recebeu diagnóstico de pneumonia – mas os médicos também investigam se ela tem Covid-19. 

“Ela chegou no domingo, umas 21h30, e foi para um balão de oxigênio. Na segunda-feira pela manhã, já ligaram dizendo que ela foi entubada”, detalha Loides. Com a piora do quadro clínico, a mãe deverá ser transferida para UTI, que está sendo aguardada há cerca de 24 horas. “Se o paciente viver, tudo bem; senão, fica por isso mesmo. Eu não sei mais o que fazer. As autoridades deveriam tomar um providência como se fossem da família deles”, reivindica.


(G1/CE)

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