O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou em uma
entrevista à coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo,
que está escrevendo um livro sobre sua passagem pela pasta no
planejamento do controle do coronavírus no Brasil. Ele se negou a
comentar categoricamente sobre o presidente Jair Bolsonaro, que o
demitiu, e ainda fez uma analogia com “Casa Grande & Senzala“,
clássico de Gilberto Freyre, para demonstrar que pede a volta à vida
normal: “Só quem está gritando é a Casa Grande, que está vendo o
dinheiro do engenho cair.”
Na entrevista, o político, que é deputado eleito pelo Democratas,
afirmou que já está escrevendo o futuro livro baseado em suas anotações e
materiais coletados. “A quantidade de relatórios que a gente gerou já
dá um tom”, disse. Mesmo no centro da crise política gerada pelo aumento
do número de casos de coronavírus, Mandetta afirmou que não deve
escrever sobre os embates com Bolsonaro – pelo menos não tão cedo.
“Não vou falar de política. Eu acho que não ajuda no momento. Tem que
ter um distanciamento maior para falar disso [da relação dele com o
presidente da República]. Vou falar do que vivi. De como os EUA
desfizeram as compras internacionais, por exemplo.”, disse o ex-ministro
em fala destacada o jornal.
Sobre sua despedida, que foi impulsionada pelo clamor de Bolsonaro ao
fim do isolamento social, Mandetta destacou que o abraço dado em uma
servidora em meio à pandemia é passível de um “pito”. “Na despedida, a
gente escolheu um para dar abraço em nome de todos. Todo mundo queria me
abraçar. Os funcionários choravam, foi uma comoção. Escolhemos uma
delas para me dar o abraço em nome de todos. Mas tá errado. Totalmente
errado.”, diz.
Para conter a epidemia, somente o distanciamento social – e os
resultados, segundo o ex-ministro, são palpáveis e pouparam o País de
atingir cifras ainda mais trágicas do que as 2.575 mortes já alcançadas e
os mais de 40 mil casos em tratamento.
UOL