Santa Quitéria chega, na noite desta terça-feira, a marca de 113 pessoas infectadas por coronavírus.
É impreciso se dizer se estamos no famoso "pico", mas com certeza,
estamos em uma das piores situações desde o primeiro caso confirmado em
1º de abril. Somado a estes números, famílias que lamentam a perda de
seus entes e tentando compreender em meio as incertezas, muitas outras
amedrontadas com o avanço da doença, em todo o município.
É bem verdade que, desde o início, profissionais da saúde se mobilizam e
dentro das suas condições, tem exercido o papel. No entanto, passados
quase dois meses, ainda não se vê ações significativas do Município, de
enfrentamento. Higienizações de veículos, testagens rápidas e
distribuições de máscaras são importantes, porém não o suficiente,
frente ao que cidades menores tem feito.
Desde os primeiros casos, o porte de Santa Quitéria exigia a instalação
imediata de barreiras sanitárias, nas entradas do município e dos
distritos. A Prefeitura, porém, entendeu que o necessário eram apenas
visitas pontuais, sem nada mais enérgico. O resultado é perceptível: o
vírus avançou com força na zona rural, a ponto do principal distrito -
Lisieux - concentrar muitos mais casos até do que cidades maiores, como
São Benedito, Ibiapina e Reriutaba (até o dia de hoje, 19).
O que se viu nas últimas semanas no município foi algo realmente
surpreendente. Pessoas saindo da sede para se aglomerar no interior -
onde concentra em sua maioria idosos - e lá, promovendo aglomerações em
bares abertos e a livre circulação, conforme relatos feitos ao site. E
residentes em outras cidades e estados - principalmente do Sudeste -,
aportando sem nenhum monitoramento ou quarentena, descumprindo toda e
qualquer regra existente. Nada eficaz.
Não somente a zona rural enfrenta tais dificuldades, a sede também. Por
muitos dias, o centro e outros bairros tinham movimentações consideradas
normais. Nenhuma fiscalização do uso obrigatório de máscaras - para
quem ainda descumprisse - e a ausência de um trabalho eficaz no coração
da cidade. É necessário que haja compreensão, entendimento por parte dos
quiterienses que só é possível achatar a curva e estabilizar os números
com esforço coletivo. Bom senso e amor ao próximo, são as chaves para
isso.
A instalação de barreiras sanitárias e medidas mais rígidas não são
apenas um pedido, mas sim algo a ser avaliado com urgência pelo Comitê
de Crise local. Mas barreiras mesmo, semelhante a Sobral, com efetivo e
apoio para fiscalização, com a integração de outras secretarias e
entidades representativas no município. Não somente blitzes que cerceiam
o acesso ao centro por quatro horas e no restante do dia, via liberada.
Não semelhante ao bairro dos Pereiros na manhã de hoje, em que o
prefeito esteve junto com outros profissionais, acompanhando de perto e
em poucas horas já estava desmontada.
(A Voz de Santa Quitéria)