O Ceará conta com pelo menos 15 mil quilombolas vivendo em 86
comunidades rurais em todas regiões do Estado. Assim como todos
cearenses, os remanescentes de quilombos estão preocupados com a
disseminação do coronavírus e protegem crianças, famílias e “troncos
velhos” (idosos). Pelo menos oito dessas comunidades estão hoje
fabricando máscaras e, como a vulnerabilidade social é histórica, a
ordem é sair apenas em casos de extrema necessidade e sempre em número
reduzido.
“Desenvolvemos ações solidárias e
voluntárias de conscientização dos povos tradicionais dando visibilidade
à necessidade do isolamento social. Em casos de extrema necessidade,
aconselhamos a saírem no máximo duas pessoas por família, sempre
mantendo a segurança do distanciamento social e a higienização para que a
Covid não chegue às nossas comunidades”, orienta Cristina Quilombola,
vice-coordenadora da Comissão Estadual dos Quilombolas Rurais do Ceará
(Cerquice).
Ela relata desconhecer casos de
contaminação pela Covid nos quilombos cearenses. Ainda assim, oito
comunidades quilombolas, em Aracati, Baturité, Caucaia, Morrinhos,
Pacujá e Porteiras, iniciaram a confecção de máscaras com doações de
tecidos e elásticos. “Recebemos também o apoio da Secretaria do
Desenvolvimento Agrário, através dos projetos Zumbi e São José, que
garantiram projetos produtivos em artesanato e máquinas de costura”,
reconhece Cristina.
Outra iniciativa adotada pelo grupo foi
criar uma barreira sanitária na comunidade Córrego dos Iús, no município
de Acaraú, no Território dos Sertões de Sobral. “Muitas pessoas estavam
tendo acesso por conta de um local de banho, algumas delas até vindo de
Fortaleza para visitar a lagoa. Por isso, a comunidade se uniu e
conseguiu o apoio da Guarda Municipal para realizar o controle do acesso
da área, evitando que a proliferação desse vírus chegasse até as nossas
famílias”, explica.
“O Governo do Ceará traz o compromisso da
valorização dos povos quilombolas e investe R$ 5,68 milhões na
implantação de projetos produtivos e sistemas de abastecimento d´água
que beneficiam 885 famílias”, totaliza o secretário De Assis Diniz.
Somente nas oito comunidades citadas por Cristina, a Secretaria atende
422 famílias quilombolas com projetos produtivos em artesanato,
aproveitamento do piqui, comidas típicas, confecção, pesca, cozinha
comunitária e produção de bolos.
(SDA)