Casos confirmados de dengue aumentam 32% no primeiro semestre de 2020 no Ceará


Entre janeiro e junho deste ano, o Ceará registrou 13.858 ocorrências de dengue, número 32,3% superior ao contabilizado em igual período de 2019, quando 10.471 casos da arbovirose foram confirmados, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa). 

As notificações de zika também aumentaram: foram 28 ocorrências no primeiro semestre de 2020 contra 10 no mesmo intervalo de 2019 - aumento de 180%. 

Por outro lado, a chikungunya, outra arbovirose monitorada pela Sesa, reduziu mais da metade: as notificações caíram de 917 nos primeiros seis meses de 2019 para 407 em igual período deste ano, uma redução de 55%. 

Luciano Pamplona, epidemiologista especializado em arboviroses e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), aponta que a alta está abaixo do que era esperado para este ano. “A expectativa era de uma grande epidemia de dengue no Ceará, algo que estávamos projetando desde 2019 em virtude do retorno da dengue de tipo 2", explica. 

Atualmente, dois sorotipos de dengue são percebidos no Ceará, um dos 13 estados brasileiros a registrarem dupla circulação da doença. 

"Temos uma grande parcela da população suscetível a esse vírus de tipo 2”, reflete Pamplona, que vê na pandemia de Covid-19 um fator a ser levado em conta para a mudança no comportamento da doença. “É muito provável que a pandemia de Covid-19 tenha suprimido a dengue na população”, avalia. 

O represamento de casos pode afetar a população a partir do segundo semestre, alerta o epidemiologista. “A grande preocupação que a gente tem é nesse segundo semestre, apesar de não ser o período de sazonalidade do vírus, e no primeiro semestre de 2021. Passamos esses cinco meses sem acompanhamento endêmico por causa da pandemia. Pode acontecer um aumento de focos, e a recirculação do dengue 2 junto com o dengue 1”, completa. 

Em nota, a Secretaria de Saúde (Sesa) informou que o monitoramento de arboviroses está suspenso, seguindo recomendações do Ministério da Saúde (MS) para adequar as ações de vigilância e controle de zoonoses durante a pandemia de Covid-19. 


 (G1/CE)

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