O
relatório final do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa) sobre a fiscalização após análises e detecção da presença dos
contaminantes monoetilenoglicol (MEG) e dietilenoglicol (DEG) em
cervejas produzidas pela Backer confirma a ocorrência de contaminações desde janeiro de 2019, afastando a possibilidade de ser um evento isolado no histórico de produção da cervejaria.
O documento ressalta que as substâncias MEG e
DEG não são produzidas pela levedura cervejeira em condições normais de
produção da bebida. Também não foram identificadas contaminações dessa
natureza em análises realizadas em cervejas nacionais e importadas. A
contaminação desse tipo é inédita em alimentos no Brasil, segundo o
Mapa.
“As apurações fiscais indicaram que a
cervejaria Backer adotou práticas irresponsáveis ao utilizar líquidos
refrigerantes tóxicos de forma deliberada em seu estabelecimento,
utilizando-os em detrimento de alternativas atóxicas, como
propilenoglicol e álcool etílico potável. As contaminações por MEG e DEG
não estão restritas a lotes que passaram pelo tanque JB 10, ocorrendo
também em cervejas elaboradas anteriormente à instalação deste tanque na
cervejaria”, diz o documento.
Falhas
O relatório aponta ainda diversas falhas e
lacunas nos sistemas de controle de gestão internos da cervejaria. Foram
identificadas informações incompletas nos relatórios de produção e
controles de rastreabilidade ineficientes.
Segundo o Mapa, a Cervejaria Backer segue interditada até que seja possível afirmar que não há riscos para a produção de cervejas no local.
Números
Em janeiro, além de fechar a Cervejaria Backer, o Mapa adotou, junto aos demais órgãos, medidas imediatas para interromper a produção e a comercialização dos produtos contaminados por mono e dietilenoglicol.
Nas dependências da empresa e no comércio de
Minas Gerais, mais de 79 mil litros de cerveja, de várias marcas e
diversos lotes, com presença dos contaminantes, foram apreendidos.
No Espírito Santo, os resultados das
análises indicaram 9.047 garrafas de cerveja contaminada retiradas dos
mercados, totalizando 5.428,2 litros.
Na esfera administrativa, os procedimentos
para apuração de responsabilidades já foram iniciados e, segundo o
Ministério da Agricultura, seguem os ritos processuais legalmente
previstos.
Análises
Foram analisadas cerca de 600 amostras de
cervejas da Backer. A presença de glicóis fois constatada em 36 lotes
produzidos ao longo de 2019 e 2020, em concentrações variadas.
(Agência Brasil)