Grandes partidos em clima de incerteza eleitoral em Fortaleza

Na reta final, partidos avançam nas articulações para formar alianças, mas algumas definições podem ficar mesmo para meados de setembro. Estão em jogo: tempo de tv, recursos e formação da chapa de vereadores
 


Por conta da indefinição de partidos fortes, cujo capital político é central na formação das chapas eleitorais, o momento que antecede as convenções partidárias se divide em dois. Por um lado, é marcado pela fragmentação de candidaturas anunciadas até aqui e, por outro, um clima de incerteza que deve se manter até meados de setembro, quando se aproximar o fim do prazo para apresentar candidaturas.

Até lá estarão em jogo a formação de alianças de olho no tempo de propaganda eleitoral no rádio e TV, recursos do fundo eleitoral e avaliação das chances de cada um de eleger uma boa bancada na Câmara Municipal.

A chapa proporcional, aliás, tem sido um dos fatores a gerar essa indecisão sobre as campanhas majoritárias. Sem possibilidade de coligação, ter um candidato a prefeito potencializa as chances de a legenda fazer uma melhor bancada. Enquanto isso, as legendas se movimentam, às vésperas do início das convenções.

Base aliada

Na base governista por exemplo são, pelo menos, quatro pré-candidaturas que se pretendem interdependentes, ou seja, as definições de uma influencia nas outras. Além do lançamento de pré-candidatos no PSB, Cidadania e PCdoB, o partido do prefeito Roberto Cláudio, o PDT, lançou uma lista com cinco nomes que podem encabeçar a chapa. A ideia é buscar unidade.

"A intenção é que não sejam candidaturas isoladas", explica o presidente estadual do PDT, André Figueiredo. Ferruccio Feitosa, Idilvan Alencar, José Sarto, Salmito Filho e Samuel Dias são os pré-candidatos.

Mesmo sem data para a tomada de decisão, Figueiredo explica que "a definição do candidato do PDT não significa que será o candidato da coligação". O diálogo com os partidos da base pode resultar, inclusive, em uma chapa encabeçada por um filiado a outro partido que não o PDT.

"Eu não sendo o escolhido, vamos apoiar a candidatura escolhida (pela base aliada)", garante o pré-candidato pelo Cidadania, Alexandre Pereira. Ainda sem data, a convenção partidária deve ocorrer junto com a do PDT.

Ex-secretário da Casa Civil do Estado, Élcio Batista reforça a máxima que deixa pendente a definição do seu partido, o PSB: "uma candidatura que possa reunir o máximo de partidos". No momento, o que está sendo discutido é o projeto para a Cidade, diz ele. Nada de debate de definição da composição da chapa.

PSDB e DEM

Partido do atual vice-prefeito, Moroni Torgan, o DEM fechou aliança com o PSDB. A união entre as duas legendas, não significa definição eleitoral. Eles devem permanecer juntos seja para confirmar a pré-candidatura de Carlos Matos ou então para apoiar outro pré-candidato. O impasse da dupla é um dos movimentos mais aguardados no cenário pré-eleitoral.

Os diálogos dos dois partidos incluem desde o PDT até o Pros, no qual o pré-candidato é o deputado federal Capitão Wagner. Presidente estadual do PSDB, Luiz Pontes afirma que há preferência pela candidatura própria, mas nenhuma possibilidade é descartada.

"É forte em qualquer negociação. Não vai um, vão os dois", sustenta. A data da convenção ainda não foi marcada, mas as articulações estão "afunilando".

MDB

Outra sigla que ainda não decidiu o posicionamento na disputa eleitoral da Capital e cujo desfecho terá certo peso no cenário é o MDB. Comandada pelo ex-senador Eunício Oliveira, a legenda é uma das que conta com maior tempo de TV e recursos do Fundo Eleitoral.

Internamente, diversos segmentos querem candidatura própria, explica o presidente municipal do partido, Walter Cavalcante. "Mas ainda não tem a definição de um nome", relata. O apoio à candidatura de outros partidos não está descartada, entretanto. Como não poderia ser diferente, o partido tem mantido diálogos com siglas de diferentes ideologias, indo do PT ao PSL.

Pros

Um dos primeiros a lançar a pré-candidatura, Capitão Wagner (Pros) conta com arco de alianças formado por, pelo menos, oito partidos. Contudo, o deputado federal continua dialogando em busca de um aliado robusto para turbinar a chapa. Ele tem diálogo com DEM, PSDB, MDB e o próprio PSL.

Segundo Wagner, as legendas prometeram resposta ainda nesta semana. "Alguns, por exemplo, têm o posicionamento favorável (a apoiar a candidatura do Pros), mas querem o posto de vice",o que deve ocorrer logo.

Na disputa da Capital, o PSL pode ser um aliado valioso com um tempo de TV considerável e uma verba elevada do Fundo Eleitoral. Apesar das conversas com o Pros, o pré-candidato da legenda à Prefeitura de Fortaleza, Heitor Freire, afirma que a tendência é de confirmação da candidatura própria na convenção.

"É uma vontade dos filiados do partido e também da executiva nacional", explica. Entre os partidos com quem tem conversado estão o Patriota, o PRTB e o MDB.

Partido Verde

A fragmentação de candidaturas vista durante a pré-campanha pode ser confirmada após as convenções partidárias. Presidente municipal do PV, o deputado federal Célio Studart aponta que a legenda deve sair com uma chapa pura para a disputa em Fortaleza.

Nome colocado como pré-candidato, ele vem conversando com outros partidos. "Mas não vejo alianças partidárias como determinantes para essas eleições. A população está cansada desses acordos partidários", afirma.

PT

Presidente do diretório municipal do PT, Guilherme Sampaio explica que a tese de candidatura própria, tendo à frente a deputada federal Luizianne Lins, está consolidada. As conversas com outras legendas prosseguem, mas existe tendência de alianças apenas com partidos de esquerda, como o Psol e o PCdoB.

Ele admite que existem interlocuções entre petistas e partidos não necessariamente vinculados à esquerda. "A própria deputada Luizianne se colocou muito aberta para se reunir e conversar com todos os partidos", relata.

Pré-candidato pelo Psol, Renato Roseno também aponta para confirmação da candidatura na convenção partidária - que deve ocorrer na primeira semana de setembro. Aliança para o primeiro turno deve ocorrer apenas com o PCB. Para o deputado estadual é preciso oferecer alternativas. "É construir novas possibilidades. Não é bom uma eleição onde a sociedade sequer possa se posicionar sobre as novas possibilidades".




Diário do Nordeste

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