Com o retorno das academias em alguns lugares, especialistas têm
alertado sobre a escolha e o manuseio das máscaras e a a readaptação aos
treinos. Cuidados como não tocar no acessório durante as atividades e
recorrer a materiais mais leves são necessários para que as atividades
físicas sejam realizadas de maneira confortável e segura.
Para evitar a proliferação do vírus, o infectologista Anastácio Queiroz
chama atenção para o uso correto da máscara, que deve cobrir boca e
nariz e, principalmente, para a adoção do hábito de lavar bem as mãos
sempre que tocar o acessório.
“Enquanto manusear os aparelhos evite pegar na máscara. Dentro do possível, essa atitude garante maior segurança”, orienta.
O professor e pesquisador em virologia da Universidade de Fortaleza,
Keny Colares, destaca também a necessidade de manter o item de proteção
de maneira adequada durante todo o período fora de casa. “Evite os
movimentos de botar e tirar a máscara. O hábito de colocar o acessório
no queixo, na testa e no pescoço é totalmente reprovado pelas normas de
segurança contra a contaminação da Covid-19”, afirma.
Tipos de tecido
Em relação à escolha da máscara para prática de esportes, os dois
especialistam indicam as cirúrgicas de TNT e as de tecido face dupla de
(algodão). “Procure um modelo bem adaptável ao rosto, que não incomode,
cause dores ou irritação atrás das orelhas”, aconselha Queiroz. Keny
Colares aponta que os modelos menos colados no rosto são mais
confortáveis.
“O ideal é experimentar algumas e observar qual a que se adequa melhor as necessidades de cada um”.
Por experiência própria, o professor doutor Marcos dos Santos, do
Departamento de Biofísica e Fisiologia da Universidade Federal do Piauí
(UFPI), diz que a máscara cirúrgica de TNT é mais leve e fica úmida mais
tardiamente quando comparada com as fabricadas com outros tecidos. O
educador físico adotou o modelo para pedalar pelo fato de o material ser
descartável e mais fácil de adequar à rotina.
A máscara cirúrgica de TNT tem um nível de segurança dentro dos
hospitais. Consequentemente, o resultado dela é relevante para diminuir o
risco de contaminação dos esportistas, seja na academia ou ao ar livre.
No entanto, o professor reitera ser importante cada um observar o tipo
de máscara que oferece mais conforto durante a prática de exercícios.
Readaptação dos treinos
Na fase de retomada das academias, os treinos devem ser readaptados e
realizados em meia hora. Por isso, neste recomeço, o professor Marcos
Santos lembra que, independentemente de ser atleta ou não, é importante
começar com calma. Além de os músculos terem passado longo período em
estado de repouso, o uso da máscara provoca alterações fisiológicas.
A utilização do equipamento na hora de se exercitar provoca ativação da
musculatura das costelas e do abdômen, fazendo com que essas regiões
trabalhem mais rápido, o que acelera a fadiga da musculatura
respiratória. Portanto, é fundamental seguir as orientações de
especialistas para readaptação dos treinos.
O ideal é iniciar com testes na esteira, na pista ou no calçadão para
saber como se comporta a frequência cardíaca e a percepção de esforço
com ou sem a máscara. Os treinos devem ser reduzidos para intensidade
menor do que a habitual antes da pandemia. Por exemplo: quem costumava
correr em uma velocidade média de 10 km/h, com a máscara voltará para
7km/h a 8 km/h.
Na musculação, o parâmetro de medida é a carga utilizada nos
equipamentos. Nesse caso, o educador físico recomenda avaliação prévia
do nível de força do atleta ou praticante, que, ao parar de treinar,
deve ter perdido condição física.
Cuidados
Durante os exercícios físicos, a principal forma de perda de calor é
pela evaporação. Pelo fato de a máscara cobrir a maior parte do rosto, é
natural ocorrer aumento da temperatura nessa região. Por isso, um
cuidado adicional deve ser com a hidratação prévia e pós exercício.
“O ideal é ingerir de 400 ml de água, meia hora antes do treino. Feito
isso, é perfeitamente tranquilo finalizar os exercícios sem precisar
retirar a máscara para beber água. A medida evita o contato frequente
das mãos com o adereço e, consequentemente, reduz o risco de
contaminação”, confessa o professor Marcos Santos.
Ainda de acordo com o docente, o corpo funciona bem até uma hora fazendo
atividade física sem necessidade de hidratação. Nesse caso, a
utilização de copo ou garrafinha é dispensada.
UOL