O Ministério da Saúde informou, na noite desta quarta-feira, que o
Brasil já tem mais de 2 milhões de pessoas recuperadas pela Covid-19. O
número representa 70,7% dos casos contabilizados desde o início da
pandemia no País.
Segundo a Pasta, nas últimas 24 horas foram registradas 1.437 mortes e
57.152 novos casos de coronavírus. Ao todo, o País tem 97.256 mortes e
2.859.073 casos confirmados de Covid-19, de acordo com o Ministério.
O número de recuperados é calculado da seguinte maneira: do total de
casos confirmados em todo o país são excluídos os mortos, os
hospitalizados e os que tiveram teste positivo, mas não morreram nem
foram internados nos 14 dias anteriores.
Especialistas e pacientes relatam que, entre os recuperados há
pessoas que ainda têm o vírus, apresentam sintomas ou ficaram com
sequelas.
O pneumologista do hospital alemão Oswaldo Cruz Gustavo Prado explica
que é possível que os pacientes que receberam alta hospitalar, ou alta
das unidades de saúde depois de uma primeira avaliação que não implicou
na necessidade de hospitalização, permaneçam com sintomas prolongados.
O especialista também citou o estudo realizado na Itália e publicado
pela revista médica "JAMA Network Open", que mostra que
independentemente da gravidade, mais da metade dos pacientes que foram
hospitalizados e receberam alta continuam com sintomas de fadiga e dores
nas articulações.
"A internação prolongada também expõe esses pacientes ao risco de
complicações comuns nesse subgrupo de pacientes graves hospitalizados,
como infecções e distúrbios metabólicos. Então uma boa parcela desses
pacientes podem apresentar, depois de uma permanência prolongada na UTI,
alterações diversas, que podem ser cansaços aos esforços, fadiga, perda
de força muscular, alteração de memória, de humor, ansiedade."
Marcelo Sampaio, cardiologista da Beneficência Portuguesa (BP) de São
Paulo, também explicou sobre o processo de recuperação de quem teve
Covid-19. "O grande problema desses números é que, como só testamos quem
procurou serviço médico, quem foi para o hospital, quando falamos em
recuperados, estamos falando de quem teve alta hospitalar. Não significa
alta médica. Os leitos precisam girar. Então às vezes o paciente sai
ainda com algum sintoma, alguma queixa. Não estão aptos a voltar para o
trabalho, voltar a fazer atividade física. São recuperados só da fase
aguda da doença, mas é um processo gradual", afirma.
Diário do Nordeste