Pacientes soropositivos relatam dificuldades no atendimento

 


Com os esforços direcionados para a pandemia de Covid-19 no Ceará, a rede de saúde precisou adaptar os serviços no isolamento, tanto para evitar a aglomeração nas unidades, quanto para reforçar o combate ao novo vírus. As pessoas que vivem com HIV no Estado, contudo, sentiram o impacto do funcionamento. Elas, que precisam manter acompanhamento regular, relatam lentidão em algumas unidades.

As mudanças na rede pública seguem as recomendações do Ministério da Saúde. Em março, o órgão orientou estados e municípios que evitassem aglomeração de pacientes positivos para HIV nas unidades pelo risco de contaminação nesses locais. Dessa maneira, os atendidos receberam estoque de 90 dias para terapia antirretroviral (TARV), essencial para redução do vírus no organismo. As consultas também poderiam ser espaçadas sempre que as condições clínicas permitirem.

Apesar da disponibilização dos medicamentos estar regular, a pandemia, informa Vando Oliveira, coordenador da unidade cearense da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids (RNP+CE), potencializou deficiências já sentidas no Estado.

"As coisas já estavam bem dificultosas antes da quarentena. Somos muitos atendidos no Ceará e a rede às vezes é pouca. Tem gente que espera até um mês para receber o diagnóstico", conta.

Com a estabilização dos casos do novo coronavírus no Estado os serviços estão em retomada gradual desde o meio de julho. Vando acredita que a interrupção dos atendimentos 'represou' pacientes. "Foram 120 dias sem consulta. Têm umas oito mil pessoas para serem atendidas. Se nem todos os médicos voltaram ainda do atendimento de Covid-19, quando normalizar, essas consultas, vão acabar só em 2021", projeta.

A redução das unidades para atendimento também dificultou alguns processos. Como alguns pacientes precisam se dirigir ao serviço mais próximo para receber tratamento, pode acontecer um 'vai e vem' entre as unidades de coleta e atenção primária. A solução para evitar uma longa lista de espera, aponta Oliveira, está em estratégias mais incisivas de retorno. "Era para ter uma força-tarefa para facilitar esse atendimento. Tem pessoas que ainda não foram atendidas esse ano. É importante que nesses tempo tenham exame para ver se a carga viral mudou alguma coisa, se precisa mudar medicamento".

O Hospital São José confirmou a suspensão dos atendimentos durante a quarentena mas indicou retorno pleno a partir de agosto. No isolamento, os pacientes de primeira consulta também foram atendidos, de acordo com o hospital, 'garantindo orientação e medicação adequada.

A Secretaria da Saúde (Sesa) informou, através de nota, que os atendimentos nos 31 Serviços de Assistência Especializada em HIV/Aids (SAE) permaneceram acolhendo pacientes, tanto casos novos como aqueles que necessitavam de renovação de receitas, além dos pacientes com intercorrência clínica.

Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), responsável por administrar os ambulatórios para pessoas com HIV na Capital, respondeu que os 9 pontos estão em pleno funcionamento desde o último dia 20.





Diário do Nordeste

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