Resgates de animais silvestres aumentam no Ceará, mas ausência de centros de triagem prejudica tratamento

 
 
O Corpo de Bombeiros realizou, até o início de outubro deste ano, o resgate de 2.609 animais domésticos e silvestres na capital e na Grande de Fortaleza, sendo o número próximo do registro de todo o ano de 2019 (2.727 bichos). A indefinição sobre equipamentos para cuidados especializados destes animais amplia o desafio dos profissionais que atuam para salvar a vida de espécies de tartarugas, cobras, aves e tamanduás, por exemplo.

No Ceará, até o momento foram feitos 3.968 resgates de animais pelos bombeiros. No ano passado, ao todo foram 3.919 salvamentos, com mais frequência de cobra, cães, gatos, vacas, cavalos e tartarugas, mas também de porcos-espinhos, aves e tamanduás-mirins.

Sem o suporte de centros de triagem para animais silvestres, os bichos capturados não conseguem acesso ao tratamento adequado depois do recolhimento, como observa o comandante Nijair, do 4º Batalhão de Bombeiros Militar, em Iguatu, no Centro-Sul do estado.

“Existe um padrão de ocorrência: quando possível, devolvemos ao habitat e, quando não, trazemos para o quartel e buscamos alternativas. Não temos CPMA (Polícia Ambiental) na cidade e o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) foi desativado faz alguns anos. Isso dificulta o manejo em algumas situações”, destaca

"Tem sido comum durante essas queimadas, os bombeiros capturarem alguns animais, principalmente, com queimaduras. Os que conseguem sobreviver, estão migrando do seu habitat natural e se aproximando das residências na procura de alimento e água".

Os animais contam com apoio também de organizações não governamentais que oferecem alimentos e abrigo para parte das espécies encontradas. "As queimadas têm modificado a dinâmica dos animais e daí a importância de educar as crianças, trabalhar preventivamente, e buscar denunciar as pessoas que estão diariamente ateando fogo", acrescenta o comandante.

Situação dos Centros de Triagem

No caso dos animais silvestres, os cuidados são diferentes e exigem atenção especial, que passa a ser dificultada com a suspensão de atividades dos equipamentos do Ibama. O órgão administra os Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), que estão fechados em Fortaleza e no Crato, na região do Cariri, sul do estado.

O G1 procurou o Ibama para entender os motivos da suspensão de atividades do Cetas, no Ceará, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. Em nota, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), vinculada da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), informou que propõe assumir a gestão do Cetas há mais de um ano, mas ainda não teve definição por parte do Ibama.

"No início de 2019, o Governo do Estado, por meio da Semace, solicitou a cessão da gestão do Cetas. Foi licitado o fornecimento de ração, medicamentos e frutas, mas como não tem os Acordo de Cooperação assinado não é possível estabelecer o contrato", acrescentou em nota. Além disso, audiências no Ministério Público são realizadas para resolver a questão.

G1 CE

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