Aplicativo cearense disponibiliza histórias de entes queridos que já morreram



Manter viva as histórias e momentos importantes de uma pessoa que morreu. É isso que o aplicativo cearense Mememória propõe a quem precisa lidar com a dor e com a saudade da perda. De forma digital, o app permite que seja criado um compilado de vídeos, imagens, músicas e documentos que pode ser acessado pela família, pelos amigos e por visitantes por meio de QR Code instalado na lápide no cemitério. Os primeiros modelos já foram instalados nas lápides de clientes do cemitério Plano da Paz que já possuem o pacote pelo cemitério. Como está em fase de testes, o serviço está sendo gratuito.


Segundo Machidovel Trigueiro, criador do app e proprietário do cemitério Plano da Paz, a demanda surgiu diante da dor dos clientes que ele via enquanto andava pelo cemitério. Além de eternizar quem era aquela pessoa e seus legados, o dispositivo permite criar conexões entre quem passa pelo cemitério e quem está enterrado no local. "Quando você passa por uma lápide e vê uma data de nascimento em 2000 e uma data da morte em 2020, você pensa primeiro 'tão jovem'. Depois se pergunta 'Qual a causa da morte? Quem é essa pessoa? O que ela deixou? Qual o legado dela?", afirma ele. O espaço pode também uma forma de reflexão, de quem está vivo, de pensar em suas vivências e responder uma pergunta "quase filosófica" de quem nós somos.


Tudo começou com a opção de as pessoas, ainda em vida, terem um local onde deixar suas memórias gravadas, narrando na primeira pessoa. Com o tempo, surgiu um pedido de familiares para eles mesmos gravassem mensagens e recuperassem imagens para criação de material, como uma espécie de vídeo ou filme. As mensagens e todo o material digital é transformado em um arquivo em um site. Depois disso, é disponibilizado um QR Code com link para acesso às memórias dessa pessoa. Esse código digital é instalado nas lápides, podendo ser acessado pela câmera de qualquer smartphone com internet. Segundo o criador do app, tanto a gravação quando o acesso são facilitados para que seja o mais fácil possível. Os arquivos podem ser enviados e acessados de qualquer lugar, além de compartilhados com outros usuários do aplicativo.


O cearense conta que já vinha pensando em como implementar a tecnologia, que já tinha sido testada em um cemitério no Reino Unido. Após voltar dos Estados Unidos por conta da pandemia, foi a hora de colocar em prática. E os familiares parecessem estar aderindo à ideia. Segundo ele, o servidor já precisou ser atualizado três vezes para suportar os acessos e o armazenado dos dados. Neste ano, o projeto venceu o prêmio da Associação Nacional de Startups (ANStartups) na categoria “inovação” e Machidovel foi reconhecido como “empreendedor digital do ano”, concorrendo individualmente com outros 87 empreendedores digitais do Brasil.


O POVO Online

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