Vereadores iniciam trabalhos com restrições nos maiores municípios do Ceará

 


Os vereadores eleitos nos municípios cearenses em novembro de 2020 tomaram posse no início de janeiro, mas iniciam oficialmente os trabalhos legislativos nesta semana. Com o aumento dos índices da pandemia de Covid-19 em algumas cidades, a maioria das Câmaras Municipais tem optado por realizar a primeira sessão do ano de maneira híbrida, para evitar as aglomerações. 

Em alguns casos, apenas os vereadores serão permitidos em plenário, mantendo o distancimento social recomendado e o uso de máscaras. Em outros legislativos municipais, os parlamentares podem acompanhar a sessão dos gabinetes. Confira como deve ser a abertura dos trabalhos legislativos de algumas das principais cidades cearenses e como devem ser os diálogos entre Executivo e Legislativo:

Caucaia

Em Caucaia, segundo maior colégio eleitoral do Estado, o retorno dos trabalhos legislativos acontece em sessão híbrida, a partir das 9 horas desta terça-feira (2). O plenário está reservado apenas aos vereadores, mas aqueles que desejarem, sobretudo os que fazem parte dos grupos de risco da Covid-19, podem participar de seus gabinetes.

O prefeito Vitor Valim (Pros) se fará presente virtualmente, com um pronunciamento aos vereadores sobre o plano de governo e as prioridades da gestão, reforçando a intenção de estabelecer parceria entre Executivo e Legislativo no município.

A eleição de Valim surpreendeu e levantou questionamentos sobre a governabilidade do novo prefeito de Caucaia, já que 18 dos 23 vereadores eleitos faziam parte da coligação do candidato à reeleição derrotado, Naumi Amorim (PSD). Mas as negociações junto à bancada, de acordo com o vice-prefeito Deuzinho Filho (Republicanos), mudaram o ânimo da Câmara Municipal para este início de gestão. Segundo ele, 22 dos 23 vereadores já estão com Valim, e a base está "consolidada".

"Valim foi vereador e eu fui vereador. A gente sabe como funcionam as câmaras, a governabilidade passa por elas. Essa união é importante para o município", afirmou. O único vereador que, segundo o vice-prefeito, adotou postura de "independência" foi Weibe Tapeba (PT). 

A Casa será presidida no próximo biênio pelo vereador Dr. Tanilo (PDT), que retorna à Câmara de Caucaia após oito anos sem mandato e, embora  tenha sido aliado do ex-prefeito Naumi, foi eleito presidente com 22 dos 23 votos, na votação cargo a gargo para a Mesa Diretora realizada na sessão de posse, o que reforça o clima de consenso que Valim terá, pelo menos em curto prazo. Ele e Tanilo já vêm se reunindo ao longo do mês de janeiro.

Juazeiro do Norte

Em Juazeiro do Norte, o cenário também é de esforços para que o apoio do Legislativo à nova gestão. Eleito com 38,18% dos votos no segundo turno contra 36,2% do ex-prefeito Arnon Bezerra (PTB), diferença de pouco mais de 2.600 votos, Glêdson Bezerra (Podemos) viu o aliado e colega de partido de Arnon, Darlan Lobo (PTB), articular bloco de oposição que lhe rendeu 15 dos 21 votos na primeira sessão do ano e a reeleição para a presidência da Casa, de onde os dois são velhos conhecidos.

Ao tomar posse no dia 1º de janeiro, Darlan adotou discurso incisivo, deixando a impressão de que Glêdson enfrentará forte oposição. O presidente da Câmara Municipal chegou a afirmar que “a casa vai cair” para a nova gestão, se casos de irregularidades forem detectados pelos vereadores. Porém, nas últimas semanas, o novo prefeito já vem conversando individualmente com vários dos 15 parlamentares que reconduziram Darlan Lobo à presidência do Legislativo municipal, na tentativa de construir um cenário de apoio e diálogo na Câmara.

Glêdson Bezerra ainda não confirmou presença na primeira sessão ordinária da nova legislatura, que acontecerá às 15 horas desta terça-feira (2) de forma presencial. Segundo comunicado oficial da Câmara, "no grupo não há integrantes de risco" e os trabalhos presenciais serão realizados "com distanciamento controlado e limitando o acesso ao público em geral, com exceção da imprensa, que poderá acompanhar, dentro do permitido por lei". Darlan Lobo reforçou: "Os protocolos de higiene e prevenção da Covid-19 continuarão em vigor conforme orientações dos órgãos de saúde". 

Maracanaú

Em Maracanaú, a situação de Roberto Pessoa (PSDB) é mais confortável. Retornando para o terceiro mandato como prefeito, ele trouxe consigo a força de uma coligação que elegeu 16 dos 21 vereadores, cinco deles do seu partido, que tem a maior bancada. Mas, na prática, o ex-deputado federal já contou com o apoio de 20 dos 21 parlamentares na votação de seu projeto de reestruturação administrativa nas primeiras sessões ordinárias do ano, realizadas na última semana.

O único vereador a contestar os termos da reforma foi o ex-prefeito Júlio César (Cidadania), pai do candidato derrotado por Roberto Pessoa nas urnas, o deputado estadual Júlio César Filho (Cidadania). Silvana Maciel (Cidadania) não seguiu a orientação do partido e votou pela aprovação do projeto, o que indica tendência de isolamento de Júlio no papel de opositor dentro da Casa.

O ex-prefeito reclamou da falta de tempo para discutir a proposta e do que chama de "inchaço" administrativo. Júlio César critica a criação de cinco novas secretarias executivas, como a Secretaria Especial da Família (rebatizada após polêmica com o nome "Secretaria de Assuntos Religiosos") e a Secretaria de Agricultura Familiar e Assuntos Indígenas (Safai).

O início da administração também mostra uma tendência de Roberto Pessoa em ampliar o capital político para outros municípios. A recém criada Safai está sob comando da ex-prefeita de Boa Viagem derrotada nas urnas no ano passado, Aline Vieira (PL). A pasta da Educação ficou com o ex-prefeito de Maranguape, George Valentim (PSB), que também não conseguiu retornar ao cargo nas últimas eleições.

Ex-prefeito de Jucás, Helanio Facundo é o novo secretário da Agricultura. Já a pasta da Saúde ficou com Galba Moita (Podemos), que perdeu o pleito em Paracuru como candidato a vice de Kleber Bandeira (PSC).

 

(Diário do Nordeste)

Postagens mais visitadas