Palha de carnaúba e couro se transformam em artesanato pelas mãos de artistas de Pacujá

 


Antes de atuarem na agricultura, nos transportes e na saúde, Francisco das Chagas, Josémilton e Luzanira, respectivamente, descobriram-se artesãos. Residentes no município de Pacujá (a 359 km de Fortaleza), na microrregião de Sobral, eles integram uma população de pouco mais de 6 mil habitantes, conforme dados do IBGE de 2019, onde é quase unanimidade desenvolver a habilidade em algum trabalho manual.

A palha da carnaúba é uma das matérias-primas em maior abundância na região, e ela costuma ser utilizada para fazer diferentes modelos de bolsas e chapéus, por exemplo. 

Luzanira Maria Gonçalves de França, 74 anos, é uma das artesãs envolvidas com esse trabalho desde a infância.  “Faço qualquer tipo de artesanato, palha é comigo mesmo. A gente é da roça e sempre fez chapéu”, contextualiza a agente de saúde aposentada.

Entre os artigos que produz, o preço varia de R$3,50 (chapéu grosso) a $50 (bolsas). Os chapéus finos, com inscrição de nomes, são vendidos a R$25.

A natureza é casa, fonte de matéria-prima e de inspiração para Luzanira, que tem também uma coleção de sementes para a  finalização de seus artigos de palha. Durante o inverno, porém, ela dedica-se mais ao crochê e ao bordado. “É que as coisas de palha ficam pretas, perdem a cor nesse período”, lamenta.

Couro, outra matéria-prima

Mas em Pacujá, há também quem se aventure desde cedo com o couro vindo de Granja (CE) ou de Serra Talhada (PE). “Trabalho desde os 7 anos com artesanato. Comecei mais meu pai. Meu pai aprendeu do avô dele. A gente vem aqui de pai pra filho e eu me sinto muito feliz com isso”, conta o também motorista Josémilton Damião da Costa, aos 54 anos. 

Na oficina, ele divide o ofício de construção de selas a R$300 - algumas inspiradas no traço do artesão Espedito Seleiro, de Nova Olinda - com duas pessoas, mas lembra que outrora havia mais gente envolvida.

 

(Diário do Nordeste)

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