"Sou inocente e irei provar", diz servidor cearense acusado de esquema ilegal na Câmara dos Deputados


 

O servidor federal Idelfonso Salmito não ocupa mais o cargo de titular da Secretaria de Esporte e Juventude de Caucaia. A saída foi anunciada na última sexta, 25, pelas redes sociais. Analista legislativo, Idelfonso - que é irmão do deputado estadual Salmito Filho (PDT) - é suspeito de participar de um suposto esquema ilegal na Câmara dos Deputados envolvendo uma empresa locadora de carros. Ele nega as acusações e afirma: "Sou inocente e irei provar isso".


Segundo funcionário da Câmara ouvido pela reportagem da CNN Brasil, Salmito abordava deputados e oferecia esquema de "rachadinha" com empresa que está no nome da esposa, Juliana Lomazzi Salmito. De acordo com a denúncia, ele estaria usando seu acesso aos parlamentares para conseguir contratos para a empresa Gold Car. Foram ao menos 676 comprovantes de pagamentos feitos por 23 deputados federais - 21 da atual legislatura. Até agora, o valor total recebido pelo serviço é de R$ 2.922.785,41. Nas redes sociais, o casal não menciona a existência da locadora.


Em Brasília, ele atua como funcionário da Câmara desde 2000 e até dezembro do ano passado possuía uma remuneração fixa de R$ 31.536,03, conforme consulta pública no site do órgão legislativo. Desde o dia 28 de janeiro, Salmito esteve cedido à prefeitura de Caucaia, onde ocupava o cargo de secretário municipal de Esporte e Juventude, com salário de R$ 18.500.



Até 2018, a empresa prestou serviços ao atual prefeito de Caucaia, Vitor Valim (Pros), na época em que o gestor atuava como deputado federal. A Gold Car também prestou serviços ao vice-prefeito, Deuzinho Filho (Republicanos-CE), que era suplente na Câmara e assumiu o cargo de deputado por quatro meses em 2020, momento em que substituiu Vaidon Oliveira, outro cliente da locadora.


Entre fevereiro de 2017 e dezembro de 2018, Valim alugou carros da empresa da esposa de Salmito no valor total de R$ 95 mil. Deuzinho pagou R$ 36 mil em serviços contratados com a locadora de veículos, entre julho e outubro de 2020. Em nota, o prefeito disse que sua vida pública "sempre foi pautada pela ética e transparência". Ele destacou que o serviço de aluguel de carro para parlamentares é legal e realizado por meio do chefe de gabinete, com todo o pagamento sendo realizado pela própria Câmara.


Em publicação nas redes sociais, Salmito diz que foi "vítima de uma denúncia anônima" e que teve a "imagem manchada por denúncias infundadas". "O fato é que essa locadora é de propriedade da minha esposa, mas é administrada por Luiz Felipe Alvin desde 2017. Nunca trabalhei nessa empresa", disse. Em vídeo no Instagram, garante ter provas e testemunhas suficientes para mostrar a inocência. Contudo, Idelfonso evitou falar dos prints de conversas no WhatsApp com um deputado que confirmou ter sido abordado pelo servidor. Nas mensagem, Salmito oferece um veículo que "estava com o Bolsonaro". De acordo com notas fiscais apresentadas à Câmara, a locadora alugou um veículo ao deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) por um mês, em dezembro de 2018.



O Povo

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