O
presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta
quinta-feira à CPI da Covid que em julho de 2020 foram oferecidas ao
governo federal 60 milhões de doses da CoronaVac, a serem entregues
ainda no último trimestre do ano passado, e que o Brasil poderia ter
sido o primeiro país do mundo a começar a imunização contra a covid-19,
mas não houve resposta por parte do Ministério da Saúde.
Segundo
Covas, em agosto o Butantan pediu ainda apoio do governo federal em
recursos para o estudo clínico da vacina da chinesa Sinovac no Brasil e
80 milhões de reais para reforma do laboratório para ampliar a
capacidade de produção, o que também não teve resposta.
Covas
confirmou ainda que as negociações avançaram a partir de outubro, com a
promessa de entrega de 100 milhões de doses, e intensas negociações
entre as equipes técnicas do ministério e do instituto. O presidente do
Butantan disse que chegou a ser convidado pelo então ministro da Saúde,
Eduardo Pazuello, para um evento em que a CoronaVac seria anunciada como
"vacina do Brasil", mas que o acordo foi desfeito após declaração do
presidente Jair Bolsonaro.
"O
outro dia de manhã, infelizmente, essas conversações não prosseguiram
porque houve uma manifestação do presidente da República dizendo que a
vacina não seria incorporada", disse Covas.
Segundo
ele, o atraso na negociação com ministério atrasou o cronograma e o
Brasil perdeu posição na lista de atendimento por parte da SinoVac, o
que levou a um atraso em todo o fornecimento e no início da vacinação,
que só ocorreu em janeiro deste ano.
"O
Brasil poderia ter sido o primeiro país a começar a vacinação não
fossem esses percalços", afirmou. "Poderíamos ter começado antes,
seguramente, se houvesse agilidade maior de todos os atores, se
tivéssemos trabalhado juntos".
Terra