O Ministério Público do Ceará (MPCE)
denunciou, na última terça-feira (4), cinco homens pelos assassinatos do
instrutor de surf Davi Silva Sabino, de 22 anos, e do avô dele,
Francisco Alexandre Filho, 70, registrados no bairro Varjota, em
Fortaleza. Conforme a acusação, o grupo criminoso efetuou um total de 25
tiros nas vítimas.
"Os
laudos cadavéricos atestam que a vítima Francisco Alexandre Filho foi
atingida por sete projéteis de arma de fogo e que a vítima Davi Silva
Sabino foi atingida por dezoito projéteis de arma de fogo em diversas
regiões, que lhes causaram a morte", detalha a denúncia apresentada pelo
MPCE à 3ª Vara do Júri, da Justiça Estadual, citando os laudos
elaborados pela Perícia Forense do Ceará (Pefoce).
Caio de Lima Gois, o 'Layon';
Claudiano Severino de Arruda, o 'Sete'; Jefferson Rodrigues de Brito, o
'Natal'; João Vinícius Barros da Silva; e Lucas Clemente de Sousa, o
'Grande', foram denunciados por homicídio qualificado (com as
qualificadoras de motivo torpe e uso de meio que dificultou a defesa das
vítimas) e organização criminosa.
Jefferson
ainda foi acusado do crime de uso de documento público falso, por ter
sido preso na posse de uma identidade falsa. Quatro acusados foram
presos em flagrante, enquanto 'Grande' permanece em liberdade, após ter
se apresentado à Polícia Civil do Ceará (PCCE) e prestado depoimento. As
defesas dos acusados não foram localizadas.
A denúncia do MPCE reforça a conclusão
do Inquérito Policial do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa
(DHPP) de que o duplo homicídio foi motivado pela guerra entre duas
facções criminosas, uma de origem cearense e a outra, carioca, pelo
domínio do território para o tráfico de drogas, em Fortaleza.
Entretanto,
o alvos dos criminosos era outro homem, o tio de Davi Sabino e filho de
Francisco Alexandre Filho. Conforme as investigações, o homem havia
acabado de deixar o presídio - após cinco anos preso por roubo - e
estava na mesma residência dos familiares mortos, mas conseguiu fugir no
momento da ação criminosa, deixando o aparelho celular para trás - que
terminou apreendido pela Polícia. O alvo do ataque é suspeito de
integrar a facção carioca e de tentar matar um rival, da organização
criminosa cearense, no dia 11 de abril deste ano.
Na
madrugada de 23 de abril, veio a retaliação: os criminosos arrombaram o
portão da residência, localizada na Rua Dom Amaro, no bairro Varjota, e
efetuaram dezenas de tiros - dos quais 25 atingiram Davi e Francisco.
As vítimas não teriam relação com a criminalidade, e o instrutor de surf
estaria na casa dos avós idosos para ajudar no cadastro dos mesmos na
vacinação contra a Covid-19.
Guerra entre as facções
A
investigação do DHPP aponta que o duplo homicídio do dia 23 de abril
foi mais um episódio na guerra entre as facções cearense e carioca no
bairro Varjota e adjacências. Nos dias anteriores, foram registrados
mais um homicídio e cinco tentativas de homicídio.
'Natal'
e 'Grande', acusados de matar Davi e Francisco, são apontados pela
Polícia como lideranças da facção cearense na região do bairro Varjota.
Entretanto, ambos negaram participação no crime e sustentaram que
estavam em outros lugares.
Ainda
segundo a Polícia Civil, 'Layon' tem a função de planejar e realizar
homicídios no grupo criminoso e é filho de um membro da alta cúpula da
facção, que está detido no sistema penitenciário cearense. Ele e os
outros acusados também negaram participação nos assassinatos, em
depoimento ao DHPP.
(Diário do Nordeste)