Os
mandatos do prefeito Glêdson Bezerra (Podemos) e do vice-prefeito
Giovanni Sampaio (PSD), de Juazeiro do Norte, no Cariri cearense, foram
impugnados pela Justiça nesta sexta-feira (30). A decisão judicial torna
ambos os políticos inelegíveis por oito anos.
No
processo, o juiz relata tomar a decisão "por reconhecê-los diretamente
beneficiados pela prática de abuso de poder econômico durante as
eleições de 2020, bem assim declarar suas inelegibilidades pelo prazo de
8 (oito) anos subsequentes a esta última eleição".
O
G1 entrou em contato com a Prefeitura de Juazeiro do Norte sobre a
impugnação, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
Entre alguns pontos do abuso de poder econômico, a decisão aponta:
- Compra indevida de combustível, em 24 de outubro de 2020, no Posto Fontes, de Juazeiro do Norte — despesas que não foram lançadas em prestação de contas pelos impugnados;
- Uso indevido de helicóptero em campanha durante as carreatas do dia 24 de outubro de 2020, também não incluído em prestação de contas;
- Derrame de santinhos feito por helicóptero, no dia 14 de novembro de 2020
Candidatura conturbada
Em
2020, o pedido de registro de candidatura de Glêdson Bezerra (Podemos) à
Prefeitura de Juazeiro do Norte havia sido indeferido pela Justiça
Eleitoral. Contudo, o candidato recorreu da decisão do Tribunal Regional
Eleitoral do Ceará (TRE-CE).
Com
o recurso, a chapa de Glêdson e Giovanni conseguiu concorrer às
eleições municipais do ano passado, e foi a mais votada em Juazeiro do
Norte. Com isto, O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE) confirmou a
liberação para Glêdson Bezerra tomar posse como prefeito em 2021.
CPIs em Juazeiro do Norte
A
Câmara Municipal de Juazeiro do Norte abriu três Comissões
Parlamentares de Inquérito (CPIs) em quatro meses de gestão do prefeito
Glêdson Bezerra (Podemos). Entre as investigações, estão demissões e
nomeações irregulares, além da suspeita do vice-prefeito Giovanni
Sampaio (PSD) ter furado a fila da vacinação contra a Covid-19. A
primeira reunião de uma das CPIs aconteceu na manhã desta segunda-feira
(26).
Sobre
as comissões, o prefeito Glêdson Bezerra afirmou que encara a
instalação das CPIs como um movimento natural do poder legislativo e
falou em divergências com alguns parlamentares.
A
CPI é presidida pelo vereador Capitão Vieira Neto (PTB), que também é
vice-presidente da Câmara de Juazeiro. Além dele, os vereadores Janu
(Republicanos) e Yanny (PL) também fazem parte da CPI. De acordo com
Capitão Vieira Neto, dezenas de gestantes foram demitidas irregularmente
no município, o que o levou a solicitar os cerca de 1400 contratos
temporários do município.
"Com
isso, eu resolvi, através de requerimento aprovado na Câmara, solicitar
todos os contatos temporários de Juazeiro para entender porque se
demite 34 gestantes que tinham contrato temporário. E no meu entender,
elas foram demitidas de forma irregular", relata.
Defesa do prefeito
Em
vídeo, o prefeito Glêdson Bezerra comentou sobre as comissões. "É
importante fiscalizar o governo. Agora a nossa tranquilidade se dá
porque quando eles abriram uma CPI para investigar o fura-fila, a
questão da vacinação, os nossos trabalhos estão sempre em paralelo com o
Ministério Público, informando ao MP aquilo que está sendo desenvolvido
em nosso município", disse.
"Com
relação à comissão processante para cassar o prefeito porque não teria
feito a seleção dos professores, nós estamos em tempo recorde a
contratação da URCA para fazer a seleção, infelizmente nos primeiros
dias de governo já contratar uma universidade para fazer a seleção não
daria certo", conclui Glêdson Bezerra.
Outro
caso investigado por uma das três CPIS é a possível vacinação irregular
contra a Covid-19 do vice-prefeito de Juazeiro do Norte. Giovanni foi a
segunda pessoa a ser vacinada no município, logo depois de uma
profissional de serviços gerais da Unidade covid que tinha sido
escolhida.
Além
das duas CPIs, foi criada uma Comissão Processante que investiga a
indicação de diretores de escolas do município. Contudo, conforme a
legislação, esses cargos precisam ser assumidos após seleção
A
Comissão Processante foi criada através de um requerimento de um
eleitor de Juazeiro do Norte, mas está suspensa pela justiça porque os
três membros seriam do mesmo partido.
G1/CE