ONG transforma areias de Copacabana em grande roseiral para lembrar 500 mil mortes por Covid-19

 

Quem passa pela praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio, na manhã desde domingo se depara com um imenso roseiral no trecho em frente à Avenida Princesa Isabel. A iniciativa partiu da A ONG Rio de Paz e é em memória das mais de 500 mil vítimas da Covid-19, além de prestar solidariedade à suas famílias e em repúdio à forma como a pandemia vem sendo tratada pelas autoridades federais e por parte da sociedade desde o seu início.

As flores foram arrumadas de um modo que deixasse um espaço vazio no meio do roseiral formando uma cruz apenas com a areia. O espaço será preenchido com as flores ao final da manifestação, por volta do meio-dia, formando uma imensa cruz com as rosas.

Voluntários espalharam 500 rosas vermelhas nas areias para lembrar o total de mortes. Cada uma delas foi amarrada a uma base fincada no solo por uma fita verde e amarela, simbolizando que as vidas perdidas eram brasileiras. Diante dela faixas lembravam a triste marca e exibia, em português e em inglês, a pergunta “Onde erramos?”.

— Foi uma condução catastrófica (da pandemia). Por isso temos que olhar para esses números e perguntar onde erramos?. O que estamos falando não é um sentimento ou uma impressão vaga. São dados objetivos. O Brasil é o segundo país do mundo em números absolutos de mortes pela Covid-19. Nós somos o nono em números proporcionais ao tamanho da população. Isso é sintomático de um desgoverno. A sociedade tem responsabilidade também, porque não foram poucos os brasileiros que desrespeitaram as medidas de prevenção prescritas por epidemiologistas e infectologistas do mundo inteiro— afirmou Antonio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz.

Antônio Carlos, que teve um filho infectado pelo coronavírus e que se recuperou, disse que o seu sentimento era de solidariedade com as famílias que perderam seus entes queridos, mas também de revolta por saber que essas mortes poderiam ter sido evitadas se a vacina tivesse chegado mais cedo:

— Estamos falando hoje de meio milhão de mortes, de um número incontável de brasileiros enlutados e de famílias convivendo com o receio da morte num cenário de crise econômica, de desemprego e com o fantasma das fome rondando os lares. Eu sinto muita compaixão pelos que perderam os seus parentes. Meu filho mais velho contraiu esse vírus.Numa noite ele ligou para mim, pedindo orações. Ele sobreviveu, mas durante o período que ele conviveu com o vírus eu pensei se não deveria ser mais enfático com as manifestações.

O protesto deste domingo foi o quinto organizado pela ONG durante a pandemia. O último foi no mesmo local, no fim de abril, quando o País atingiu a marca de 400 mil mortos. Na ocasião, a entidade espalhou cerca de 400 sacos de óbito na areia da praia, simbolizando as vítimas do coronavírus.

O protesto contra os 300 mil mortos foi o único não realizado na orla da Zona Sul. Aconteceu em março na porta do Hospital Municipal Ronaldo Gazzola, em Acari, quando foram colocadas 30 macas com travesseiros e flores, simbolizando a escassez de leitos nas unidades hospitalares. Além das macas, foram colocadas faixas com a palavra vergonha escrita em português, inglês, francês e espanhol. A unidade é referência no município ao tratamento da Covid-19.

A marca de mais de 500 mil mortos pela Covid-19 foi atingida neste sábado, em meio a protestos pelo país, inclusive no Rio de Janeiro, pedindo entre outras coisas o avanço da vacinação. 

 

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