Políticos investigados e presos preparam volta às urnas em 2022





Políticos que são alvos de investigações e que chegaram a ser presos articulam um retorno às urnas em 2022, em meio a decisões judiciais que mitigaram impactos da Lava-Jato. A lista inclui nomes que entraram na mira do braço fluminense da operação, como o ex-deputado federal Julio Lopes (PP), alvo de buscas em dezembro, e outros investigados pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ), como o ex-prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) e o ex-deputado estadual Pedro Fernandes (PL), alvos de mandados de prisão no ano passado em casos distintos.

Já o ex-governador Anthony Garotinho (sem partido) e o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB), que também foram presos mas encontram-se atualmente em liberdade, estão inelegíveis e articulam candidaturas de familiares à Câmara dos Deputados.

Garotinho foi preso quatro vezes, sendo duas em 2017 e a última em 2019. Cunha foi preso preventivamente em 2016 pela Lava-Jato e, beneficiado por decisões judiciais, foi posto em liberdade em maio. Por ter sido cassado, ele só pode disputar eleições novamente em 2027 — a Lei da Ficha Limpa prevê nesse caso inelegibilidade por oito anos a partir de janeiro de 2019, quando se encerraria o mandato —, mas tem dito que voltará à política e prepara lançar a filha, Danielle Cunha, a deputada federal.

Crivella ficou em prisão domiciliar após operação do MP e da Polícia Civil, em dezembro, contra um suposto “QG da Propina” na prefeitura do Rio. Liberado em fevereiro por decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Crivella quer se lançar ao Senado e tem procurado articular oposição ao atual prefeito Eduardo Paes (PSD). Em abril, durante votação da reforma da Previdência municipal, ele manteve contato com vereadores orientando voto contra a proposta.
Aliados de Castro

Já Fernandes ficou preso em Bangu 8 por um mês após o MP do Rio apontar, em setembro, supostas fraudes em contratos da Fundação Leão XIII, vinculada ao governo do Rio — à época, ele era secretário estadual de Educação. Ao ser solto, ele disse que deixaria a política. Em abril deste ano, contudo, filiou-se ao PL, mesmo partido do governador Cláudio Castro, e pode concorrer à Câmara.

Na tentativa de montar um grupo político, Castro se aproximou também do ex-deputado Indio da Costa (sem partido), que passou uma semana preso em Bangu, no fim de 2019, após uma operação da Polícia Federal contra supostas irregularidades em nomeações nos Correios. O inquérito corre sob sigilo, e Indio nega as acusações. A interlocutores, ele tem dito que não pretende se candidatar enquanto o caso não for arquivado, e que conversa informalmente com Castro sobre gestão pública.

A costura de Castro envolve ainda aproximações com Garotinho, que já foi a eventos com o governador no interior do estado, e com o ex-deputado Julio Lopes. Hoje suplente, Lopes deve reassumir uma cadeira na Câmara após mudanças no secretariado de Castro. Ele já foi citado por delatores na Lava-Jato do Rio por irregularidades na obra da Linha 4 do metrô e foi alvo de busca e apreensão por decisão do juiz Marcelo Bretas, em dezembro. A ação, contudo, foi anulada no STF sob o entendimento de que o caso cabe à Justiça Eleitoral. O retorno a Brasília já neste ano é parte da estratégia de Lopes para se candidatar novamente em 2022.

No caso de Garotinho, condenado em março pela Justiça Eleitoral a 13 anos de prisão por compra de votos nas eleições de 2016, há expectativa de um recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um agravo de instrumento da defesa de Garotinho começou a ser julgado no último dia 7, com voto do relator Tarcísio Vieira de Carvalho Neto contra o pedido, mas o ministro Alexandre de Moraes pediu vistas. Por ora, o ex-governador está inelegível até 2029 devido a esta condenação. Ele também recorre de outras duas sentenças, ambas de 2018, por improbidade e formação de quadrilha, que lhe deixam inelegível por oito anos contados a partir da condenação.

Caso não reverta a própria inelegibilidade e seja impedido de concorrer ao Legislativo estadual ou federal, desejo que vem expressando a interlocutores, Garotinho apoiará a reeleição da filha, a deputada federal Clarissa Garotinho, que negocia filiação ao PP, e pode lançar também a mulher, a ex-governadora Rosinha Garotinho.

Rosinha foi condenada por abuso de poder quando era prefeita de Campos dos Goytacazes, município do Norte Fluminense, em 2012. O prazo de oito anos de inelegibilidade correu até 2020. Hoje, um dos filhos do casal, Wladimir Garotinho (PSD), é prefeito de Campos.


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