Funcionário terceirizado de secretaria fraudava sistema de tornozeleiras em troca de dinheiro no Ceará



Um funcionário terceirizado da Secretaria da Administração Penitenciária do Ceará (SAP) e outras nove pessoas foram alvos de mandados de prisão na manhã desta quinta-feira (12), pela Polícia Civil do estado. O homem, que era advogado e exercia cargo de confiança na assessoria jurídica da pasta, fraudava o sistema de monitoramento eletrônico em troca de vantagem financeira.


Até a publicação desta reportagem, conforme a Polícia Civil, o servidor havia fugido e estava sendo procurado. Ao todo, foram expedidos 10 mandados de prisão e 13 de busca e apreensão nas cidades de Fortaleza, Caucaia e Eusébio. Cinco pessoas já haviam sido detidas até às 12h desta quinta. Segundo o coordenador do Centro de Monitoração Eletrônica de pessoas, Paulo Roberto Rabelo, o funcionário era advogado e responsável pela análise das decisões judiciais que flexibilizavam o cumprimento da pena de pessoas em conflito com a lei.


"Nessas decisões judiciais, vinha muito bem descritas os tipos de restrições que os monitorados precisavam obedecer. Ele fazia uma transcrição para os documentos de monitoração e no próprio sistema de maneira divergente do que era determinado pelo juiz. Era uma espécie de adequação que gerava afrouxamento daquelas limitações. Assim, os criminosos beneficiados tinham mais facilidade para atuar nas mais diversas frentes", disse o policial penal.


Todo o processo de investigação surgiu da própria SAP após análise de informações internas. Segundo Paulo Roberto Rabelo, essas irregularidades que "a priori poderiam parecer erros eram um esquema criminoso feito por um funcionário terceirizado que ocupava um cargo de confiança".


Perfis diferentes
De acordo com o titular da Delegacia de Combate à Corrupção, Marcelo Veiga, o funcionário não tinha um padrão de "clientes", pois entre os investigados estão pessoas que cumprem sentenças por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e até crime licitatório. Além disso, o padrão financeiro também variava.


"A maioria era com presos no regime aberto, ele mudava as restrições impostas pelo juiz para que a pessoa tivesse livre circulação mesmo com a monitoração eletrônica", afirmou Veiga. Segundo o delegado, ele recebeu R$ 4 mil de um monitorado com menor poder aquisitivo para fazer a mudança em sua tornozeleira, mas o valor aumentava de acordo com o poder econômico da pessoa.


Conforme a Polícia Civil, os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, inserção de dados falsos em sistemas de informações e organização criminosa. Durante a operação, foram apreendidos aparelhos celulares, duas tornozeleiras e um tucano, que foi encaminhado à Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA).


G1 CE

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