Mais de 80 vítimas de acidentes com cobras foram atendidas pelo IJF em 2021

 


O Núcleo de Assistência Toxicológica do Instituto Doutor José Frota (IJF) é referência regional no socorro às vítimas de intoxicações causadas, principalmente, por acidentes com animais peçonhentos. De acordo com a instituição, somente este ano, 86 pacientes chegaram ao IJF relatando acidentes com cobras. Em alusão ao Dia Internacional de Atenção aos Acidentes Ofídicos, neste domingo, 19, especialistas do hospital alertam para os riscos do envenenamento por mordidas desses animais.

Dados divulgados pela unidade de saúde apontam que, entre as ocorrências com serpentes recebidas pelo IJF este ano, a jararaca (Bothrops) é a espécie mais recorrente nos acidentes, com 68 casos. Em 2020, ao todo, 144 vítimas foram hospitalizadas. Já em 2019, a Emergência somou 212 internações. Nos três últimos anos, o hospital registrou cinco mortes decorrentes de intoxicações causadas por picadas desse grupo animal.

Os trabalhadores das zonas rurais, nos sertões e nas serras, estão entre os que mais se expõem aos riscos de acidentes, já que estão mais próximos das áreas de proteção, caça e reprodução de cobras peçonhentas.

“A expansão das áreas de pasto e plantio, além das ocorrências de queimadas e desmatamentos, também forçam o deslocamento dos animais para perto das residências e regiões urbanizadas, tanto em busca de abrigo como de alimento, ampliando o risco de contato com humanos e as reações de defesa dessas espécies, que, geralmente, só acontecem quando elas sentem alguma ameaça”, explica a médica Polianna Lemos, chefe no Núcleo de Assistência Toxicológica do IJF.

Procurar ajuda rápida após picada de cobra 

De acordo com especialista do IJF, além da dor e do inchaço no local da picada, as toxinas das serpentes podem causar sangramentos, manchas arroxeadas, diarreia, náusea, vômito, pressão baixa, urina escura, sonolência, visão turva, dor muscular e dor de cabeça. Dependendo da espécie, em poucas horas o quadro pode evoluir para a necrose de tecidos, hemorragia, insuficiência renal, insuficiência respiratória e na eventual morte da vítima, caso ela não receba a assistência necessária. Por isso, o atendimento médico especializado deve ser procurado o mais rápido possível.

Polianna Lemos explica que não existem receitas tradicionais para a cura do veneno de cobra, como a utilização de ervas, chás ou bebidas alcoólicas. Além disso, usar torniquete e mesmo tentar sugar o veneno da ferida com a boca podem, inclusive, agravar a condição da vítima. O tempo perdido com a recusa para a procura de atendimento especializado, que poderia ser aproveitado no tratamento dos efeitos do envenenamento, só aumenta os riscos de agravamento do quadro clínico do paciente, resultando em sequelas permanentes ou mesmo em óbito.

Em caso de acidente, apenas lave o local com água e sabão e mantenha a vítima deitada e hidratada. Procure a unidade de saúde mais próxima para a administração do soro antiofídico, que é o medicamento usado para tratar picadas de serpentes, sendo produzido para cada espécie de cobra e distribuído gratuitamente para hospitais de vários municípios do Estado, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Matar animais silvestres é crime

Nunca tente matar ou pegar uma cobra. Além de expor mais pessoas ao perigo, a prática também é considerada crime ambiental. As cobras são importantes para o ecossistema local, como o controle de ratos e demais roedores, que afetam as plantações e os estoques de alimentos, além de transmitir doenças. Se possível, tente fazer uma foto do animal com a câmera do celular ou só observe as características dele, como cor, tamanho e desenhos na pele para a orientação da equipe de saúde que irá atender a vítima. O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE) pode ser acionado para realizar a captura da serpente com segurança.

 

(O Povo)

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