Após
o anúncio de um Auxílio Brasil de R$ 400 a partir de novembro pelo
presidente e a fala de um furo no teto de gastos em R$ 30 bilhões, o
presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro Paulo Guedes
(Economia) fizeram um pronunciamento no qual afirmaram não haver nenhuma
"aventura na economia" e confirmaram o valor maior para o benefício
acontece porque será pago neste patamar temporariamente.
Os
dois falaram após o mercado financeiro apontar o terceiro dia de
turbulência nesta sexta-feira, com dólar chegando a R$ 5,70 e bolsa em
queda.
"Entendemos
que a economia está ajustada, não existe solavanco ou descompromisso de
nossa parte", reforçou Bolsonaro, defendendo a permanência de Guedes no
governo, assim como o Auxílio Brasil de R$ 400.
"Mercado
ficou incomodado porque eu estava falando a verdade. Precisamos de R$
30 bilhões para pagar. Mas não há nenhuma mudança no arcabouço fiscal.
Nós estamos falando de R$ 30 bilhões. Um país que gastou mais de R$ 700
bilhões no primeiro ano, pouco mais de R$ 100 bilhões no segundo ano e
está gastando agora também com déficit declinando e as despesas
declinando", argumentou o ministro sobre a possibilidade de viabilizar o
pagamento a mais no benefício.
O
ministro negou que a proposta de elevar o valor pago no novo Bolsa
Família seja um programa eleitoreiro e voltou a defender a PEC dos
precatórios, que é apontada por ele como a fonte de recursos para bancar
o auxílio de R$ 400 permanentemente. Ele alegou que o objetivo inicial
era ter isso na reforma do imposto de renda, que não avançou no Senado.
Embate entre economia e política no governo
"Eu
queria dizer que houve muito barulho e isso é fruto de falta de
comunicação", declarou sobre as informações de que havia uma guerra
interna entre a ala política e a econômica do Governo Federal sobre a
formulação do Auxílio Brasil.
A
origem dos embates nasce por representantes da ala econômica -
especialmente os que pediram demissão ontem - acharem impossível a
execução de um valor maior para o benefício, enquanto componentes da ala
política defenderam um valor maior, de R$ 400.
Daí,
o presidente, segundo Guedes, chamou atenção da equipe para fazer um
programa temporário, que viabilizasse a possibilidade de fazer um
pagamento maior.
"Então,
nós criamos um conceito. Ampliamos a base para 17 milhões de famílias e
o valor de R$ 179 para R$ 400. Isso é mais de 100%. Mas eu dizia que só
tínhamos espaço no teto para R$ 300 e naturalmente criou-se um
problema", apontando a origem para a "falta de comunicação" que alegou
ser o problema.
O
ministro ainda alegou que o governo sofre com uma falta de compreensão
com os projetos que colaborou com o cenário a que se chegou.
Pescaria para ocupar o ministério
Por
fim, ao agradecer o apoio de Bolsonaro, o ministro provocou os inimigos
que sopraram nomes para substituí-lo no ministério enquanto ele estava
no exterior representando o Brasil em negociações.
"Sei
que o presidente não pediu isso, mas sei que muita gente da ala
política andou lá sugerindo nomes, indo no BTG perguntando se dava para
emprestar o Mansueto (Almeida). Sei que o presidente não pediu isso,
porque acredito que ele confia em mim e eu confio nele, mas sei que
muita gente da ala política andou oferecendo nome e fazendo pescaria aí"