China cancela centenas de voos e adia casamentos após novos surtos de Covid-19

As autoridades da China cancelaram centenas de voos e pediram a seus cidadãos que adiassem casamentos e realizassem funerais mais curtos depois de endurecer, nesta sexta-feira (29), as medidas de contenção para impedir novos focos de Covid-19 antes do início dos Jogos de Inverno.

O número de casos continua muito mais baixo do que na maioria dos países, com 48 novas infecções notificadas nas últimas 24 horas. Ainda assim, o governo chinês – que já aplicou mais de 2 bilhões de doses da vacina – prefere não correr riscos.

O país de 1,4 bilhão de habitantes reduziu ao mínimo o número de casos de coronavírus desde o início da pandemia, graças às medidas de tolerância zero adotadas pelo governo (leia mais adiante). Entre elas, o fechamento de fronteiras, confinamentos seletivos e longos períodos de quarentena.

Outros lockdowns

As severas medidas de restrição passam a valer dias após uma decisão similar ser adotada em Lanzhou, cidade de 4 milhões de habitantes que fica a 1,7 mil km a oeste de Pequim.

Dias antes, a comuna de Ejin, na fronteira com a Mongólia, também ordenou que seus 35 mil habitantes fiquem em casa — a não ser em casos de emergência.

No fim de semana, autoridades também cancelaram a maratona de Wuhan, cidade que registrou os primeiros casos da doença no fim de 2019, e depois a de Pequim.

A China vem enfrentando novos surtos em várias regiões que recebem muitos turistas. Este quadro levou as autoridades a ordenarem que milhões de cidadãos ficassem em casa, restringissem suas viagens entre as províncias e se submetam a testes de detecção de coronavírus.

As autoridades, porém, preferem não arriscar e impuseram um confinamento a dezenas de milhares de pessoas em Pequim, capital do país e cidade que sediará os Jogos Olímpicos em fevereiro, após a detecção de alguns casos de coronavírus.

Os residentes devem "adiar casamentos, realizar funerais curtos, não organizar banquetes e reduzir reuniões desnecessárias", declarou nesta sexta Pang Xinghuo, vice-diretor do centro de controle de doenças, em entrevista coletiva.

Homem com máscara de proteção caminha no dia 25 de outubro de 2021 ao lado de uma placa que anuncia as regras para andar nas ruas da cidade de Lanzhou, na província de Gansu, para evitar a propagação da Covid-19 no noroeste da China — Foto: Chinatopix via AP

Homem com máscara de proteção caminha no dia 25 de outubro de 2021 ao lado de uma placa que anuncia as regras para andar nas ruas da cidade de Lanzhou, na província de Gansu, para evitar a propagação da Covid-19 no noroeste da China — Foto: Chinatopix via AP

Além disso, os locais turísticos limitarão sua capacidade, enquanto o recém-inaugurado complexo da Universal Studios entrará em "estado de emergência para prevenção epidemiológica", segundo anunciou o vice-diretor do Gabinete de Informação, Xu Hejian.

Segundo a plataforma chinesa Feichangzhun, metade dos voos dos dois principais aeroportos da capital foi cancelada nesta sexta.

Estratégia de 'tolerância zero'

Mesmo com a surgimento da variante delta e com o avanço da vacinação, o governo chinês tem mantido a estratégia de impor lockdowns rigorosos em cidades que registram poucos casos do novo coronavírus para interromper a transmissão do vírus.

País mais populoso do mundo, com 1,44 bilhão de habitantes, a China diz ter aplicado 2,25 bilhões de doses de vacinas contra a Covid-19 e 73% da população totalmente imunizada, além de ter registrado apenas 97 mil casos e 4,6 mil mortes desde o início da pandemia.

Autoridades chineses dizem também ter registrado apenas 316 novos casos nos últimos sete dias no país inteiro, uma média de 45 casos por dia.

A China tem enfrentado surtos esporádicos e limitados de Covid-19, como o que tem ocorrido no norte do país desde a semana passada, mas consegue cortar a transmissão do vírus após severos lockdowns e a testagem em massa das pessoas para encontrar e isolar a origem dos surtos.

Testes para poder viajar

Na frente aos centros médicos da capital, longas filas se formavam, com pessoas à espera de cumprir os rígidos controles contra a Covid-19 implementados pelas autoridades sanitárias chinesas.

Tu Anling, uma cientista da computação de 24 anos, disse à AFP que precisava de um teste para poder viajar de trem para Nanjing, cidade localizada a cerca de 1.000 quilômetros ao sul da capital.

"Inicialmente, combinei de encontrar meus amigos aqui (em Pequim), mas o recente surto fez com que muitos deles dissessem que não viriam mais", contou Tu Anling.

Muitas regiões estão exigindo que os passageiros apresentem um teste negativo antes de entrar, sobretudo, no caso daqueles que se deslocam de cidades onde houve registro recente de infecções.

G1 CE

 

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