Dona de abrigo presa por maus-tratos chegou a fechar ferimento na testa de idosa com agulha e linha de costura, no Ceará


Foto: Reprodução


A dona de um abrigo de idosos em Fortaleza, presa nesta quinta-feira (25) por suspeita de crimes cometidos contra idosos e pessoas com deficiência que moram no local, chegou a costurar a testa de uma idosa ferida com linha e agulha de costura. É o que apontam as investigações do Ministério Público do Ceará. Benedita Oliveira de Sousa, de 64 anos, proprietária do Espaço de Bem Estar Socorro Oliveira, é investigada por crimes como homicídio, tortura, negligência e maus-tratos.


A mulher foi presa após o Ministério Público receber denúncias graves contra ela. Ex-funcionárias do abrigo presenciaram Benedita costurando a testa de uma idosa que havia caído no chão. A mulher teria se recusado a levar a idosa para receber atendimento médico em uma unidade hospitalar. As ex-funcionárias foram acompanhadas pelo Ministério Público até uma unidade da Polícia Civil, onde as denúncias foram registradas. À polícia, Benedita Oliveira negou as acusações.


A Polícia Civil teve acesso a um áudio gravado, onde a dona do abrigo aparece gritando e falando palavras de baixo calão contra um idoso. "Esse velho me chamar de bebarrona? Eu vivo trabalhando, eu não gostei não. Tem que me respeitar, esse velho nojento. Uma pessoa cega, aleijada e doente pode ver que essa pessoa fez o mal para os outros e tá pagando, e não se enxerga", diz Benedita.


Idoso forçado a se alimentar
Ainda segundo testemunhas, em outro caso de maus-tratos a mulher forçou um idoso que não queria se alimentar a comer. Por conta disso, ele se engasgou e precisou de atendimento médico. Como consequência, a vítima passou quatro meses internada e acabou perdendo a fala. Dez pessoas viviam no abrigo, sendo sete idosos e três pessoas com deficiência. Após as denúncias e a prisão de Benedita, eles foram levados para outro abrigo de longa permanência.


Duas mortes
Segundo o titular da 1ª Promotoria de Justiça e Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiência, Alexandre Alcântara, a mulher é investigada também pela morte de, pelo menos, dois idosos que viviam no abrigo sob os cuidados dela. "Foram relatos realmente muito impactantes, inclusive causou impacto nos próprios policiais, que disseram que nunca tinham visto um caso tão grave, porque nós temos situações extremamente graves de maus-tratos que redundaram, pelo menos, em duas mortes [...] ontem, quando foi feita a operação, eu soube que não havia alimentação para os idosos. Já era meio dia, geladeira vazia, sem alimentos, então é realmente uma situação extremamente grave onde você tem péssimas condições sanintárias, sujeiras, falta de higiene em todos os aspectos", disse Alcântara.


Uma outra testemunha, que terá a identidade preservada, disse que presenciou Benedita agredir uma jovem portadora de deficiência física com um chinelo. A testemunha também afirma que a mulher fazia compras com o dinheiro do benefício das vítimas que ela cuidava.


"Cheguei a ver, uma vez, ela batendo com um chinelo numa paciente que é deficiente mental que estava dando muito trabalho e estava chorando, gritando. Ela mandou a moça parar de chorar e eu vi ela, na presença dos pacientes e dos funcionários, batendo com um chinelo nas pernas da moça. Ela saía da casa, quando ela ia embora, e deixava os medicamentos presos dentro de um escritório que tem dentro da casa. Então, se um paciente passasse mal, tinha que esperar o outro dia, até mesmo porque muito raramente ela vinha para atender um chamado de algum idoso. Tomei conhecimento que ela comprou coisas no nome de pacientes, tinha pessoas que ela tinha em poder o cartão do benefício".


O dono da casa onde funciona o abrigo, disse que alugou o imóvel para Benedita sem saber o uso que ela faria do local. Segundo o proprietário, a mulher causou um prejuízo de cerca de R$ 20 mil, com contas de energia, água, aluguel e IPTU atrasados.


G1 CE

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