Pai que matou filho em briga se entrega, mas é solto: 'legítima defesa'


 
Wilson Alves Motim, de 58 anos, que confessou ter matado o filho a facadas após uma briga em Serra (ES), se entregou na delegacia da cidade, horas depois de gravar um vídeo pedindo desculpas aos amigos e familiares pelo crime. Apesar de o homem ter assumido a culpa pela morte, a Polícia Civil do estado considera que o ataque contra Weverson Corrêa, de 28 anos, foi motivado por legítima defesa e afirmou que irá recomendar que a Justiça encerre o processo sem indiciar o pai por homicídio. Até o momento, ele não foi preso.


Segundo o delegado Rodrigo Sandi Mori, a vítima e o suspeito sempre tiveram uma relação "amigável", mas no dia do crime, no sábado (20), os dois fizeram uso de bebida alcoólica, o que engatilhou um comportamento violento de Weverson, que jogou cerveja em um carro desconhecido e agrediu a mulher e o enteado, momentos antes de ser morto, como descreveu Wilson em sua primeira versão, gravada em vídeo aos parentes e à imprensa.


"Assim como o Weverson fazia em vários finais de semana, ele, juntamente à esposa e ao filho dela, foram até a residência do pai, no bairro Jardim Tropical, em Serra. No sábado (20), eles foram até a residência de um amigo de Wilson, onde passaram o dia consumindo cerveja e cachaça com limão e mel. Já no final da tarde, o Weverson começou a se alterar e fazer brincadeiras inadequadas nessa residência, fato que fez com que o seu pai chamasse a atenção dele e logo depois se retirasse do local", descreveu o delegado.


"Passado esse momento, já no interior da casa do Wilson, após uma discussão com a esposa, o Weverson pegou o celular da mão dela, jogou no chão, e no momento em que ele partia pra cima da esposa, o filho dela, de apenas 6 anos, entrou na frente para defender a mãe. Fato que fez com o que o Weverson desferisse uma cotovelada e um tapa na cabeça da criança e, posteriormente, um tapa no pescoço da esposa", detalhou Sandi Mori, em entrevista coletiva na tarde de hoje.


Foi nesse momento, segundo o delegado, que Wilson interveio e falou que "dentro da residência dele, o filho não iria agredir nem a mulher, nem o filho dela". Weverson então se virou para o pai, segurou o homem pelo pescoço e começou a desferir vários socos na cabeça e no rosto do familiar. Após vários golpes, ele conseguiu se soltar e foi até a cozinha, "prevendo que, pela bebida alcoólica, o filho poderia continuar com as agressões". O pai pegou uma faca e foi em direção ao carro para se retirar do local, sendo seguido.


"Quando o Wilson já estava saindo da residência, Weverson se aproximou do veículo e começou a desferir vários socos no vidro, inclusive tentando abrir a porta para tirar o pai do veículo e continuar com as agressões. Foi nesse momento em que o pai desembarcou e desferiu 3 facadas no filho: uma na coxa esquerda, uma na parte lateral direita do tronco, próximo à axila, e a terceira, que foi a fatal, no peito da vítima", detalhou o policial.


"Diante desse contexto, e de todas as diligências que foram realizadas, nós entendemos que o Wilson agiu em legítima defesa. Primeiro, em relação à nora e ao filho dela e depois, em relação a ele. Nós temos que ser justos, coerentes e aplicar a lei ao caso concreto. Nenhum pai cria um filho para tirar a vida dele depois. A maior pena que ele já está pagando é conviver com o fato de ter tirado a vida do próprio filho. Mas nós vamos remeter o inquérito ao Ministério Público e eles também vão decidir, juntamente à Justiça, se é caso de legítima defesa".


UOL

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