Forte chuva em Petrópolis deixa ao menos 38 mortos; cearenses relatam problemas

 


Pelo menos 38 pessoas morreram em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, após forte chuva que atingiu a cidade nesta terça-feira, 15, de acordo com informações da Defesa Civil municipal. Em comunicado publicado nas redes sociais, a Defesa Civil Nacional informou que a forte chuva provocou transbordamento de rios e deslizamentos em cerca de 50 pontos no município. Equipes de resgate atuam socorrendo pessoas ilhadas e soterradas. A Prefeitura decretou estado de calamidade pública.

Mais de 300 pessoas tiveram que sair de suas casas. Vinte e cinco escolas estão abertas para receber desabrigados. A prefeitura decretou estado de calamidade pública e luto oficial de três dias. Os bombeiros estão atuando em mais de 40 pontos da cidade, em ações de resgate e salvamento. O governador fluminense, Cláudio Castro, afirmou que pelo menos 16 pessoas foram resgatadas com vida.

Por meio de nota, o prefeito Rubens Bomtempo disse que o número de vítimas pode ser maior. “Vivemos um momento de grande tristeza com o número de vítimas fatais que ainda pode aumentar e a quantidade de ocorrências que impactam drasticamente a nossa cidade. Unimos todos os nossos esforços e contamos com o suporte do Estado para o atendimento ágil às vítimas e recuperação da cidade”.

Entre as localidades em que houve registros de maior gravidade estão a 24 de Maio, Morro da Oficina, Caxambu, Sargento Boening, Moinho Preto, Rua Uruguai, Rua Washington Luiz, Coronel Veiga, Vila Militar, Vila Felipe, Avenida Portugal e Rua Honorato Pereira.

Pelo Twitter, o ministro do desenvolvimento regional, Rogério Marinho, prestou solidariedade às famílias afetadas. Segundo ele, o presidente irá para Petrópolis na sexta-feira, 18. "Nosso secretário de defesa civil está se deslocando para o local hoje. Ontem fui contactado pelo presidente Jair Bolsonaro da Rússia, que determinou mobilização de todos para ajudar. Sexta ele estará conosco no local", diz o tuíte publicado na manhã dessa quarta-feira.

O que provocou a forte chuva

De acordo com a Clima tempo, as chuvas em grande quantidade aconteceram por que na região existe uma formação de nuvens, provocando a chuva excepcional, que está relacionada com a chegada de uma frente fria ao litoral do estado do Rio de Janeiro e ao ar abafado que já estava espalhado por todo o estado. Com isso, as nuvens muito carregadas se formaram de maneira bastante localizada sobre Petrópolis.

A fisioterapeuta cearense Adakrishna Sampaio, 49, que mora em Petrópolis desde os três anos, conta que a chuva começou por volta de 16h30min e se estendeu até 18h30min, sempre com alta intensidade. Nesta noite, ela ficou presa no trânsito impossibilitada de retornar do trabalho para sua casa, devido aos impactos causados pelo temporal. “É comum acontecerem alguns desastres bem sérios por aqui em relação a isso, mas se restringem a um bairro específico. Hoje, boa parte da cidade foi afetada”, explica.

Adakrishna relata que a cidade registrou chuva nos últimos dias, mas não foi nada comparado ao que aconteceu hoje. O índice de chuva chegou a 221,4 milímetros em quatro horas, caracterizando um evento raro, que ocorre poucas vezes, segundo o portal especializado Climatempo. A tendência, conforme o site, é que a chuva continue, mas enfraqueça durante a madrugada desta quarta-feira, 16.

Em imagens recebidas pelo O POVO, é possível ver carros sendo levados pela enxurrada e pontos da cidade que ficaram totalmente cobertos pelo nível da água. O portal local Tribuna de Petrópolis, divulgou relatos de uma escola que foi atingida pela enxurrada, onde alunos foram encaminhados para um pronto socorro, assim como a história de um homem que ficou segurando em um poste até que fosse resgatado no fim do dia.

O professor Aaron Sampaio, que também é cearense e mora em Petrópolis, conta que seu filho foi uma das crianças que ficou impossibilitada de sair da escola onde estuda. “Como era horário de saída das escolas, muitas crianças ficaram nas instituições”, disse. Ele recorda que vive transtornos em decorrência da chuva desde a década de 1980, quando precisou atravessar ruas do Centro da cidade com água na cintura.

Durante a chuva de hoje, Aaron estava trabalhando em uma escola próxima ao centro histórico da cidade. “Os acessos em torno do prédio ficaram alagados. O rio transbordou, a água foi para a rua e entrou no jardim do prédio. O muro tem cerca de 80 centímetros além da altura da rua e a água ultrapassou essa altura”, narrou o professor.

Trabalho de resgate

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), disse que oito ambulâncias vão ajudar no socorro às vítimas. Conforme o gestor, 120 bombeiros estão trabalhando no resgate às vítimas e mais 60 seguirão para a cidade. “Todo governo está mobilizado para atender as vítimas e ajudar o município”, garantiu o mandatário, que está em deslocamento para a região nesta noite. Ainda segundo Castro, oito ambulâncias vão ajudar no socorro às vítimas e os maquinários das secretarias de Infraestrutura e Obras, das Cidades, do Ambiente e de Agricultura e da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro estão rumo ao município.

Um dos locais mais afetados foi o morro da Oficina, no Alto da Serra, onde grande deslizamento de terra atingiu várias moradias. Segundo a prefeitura de Petrópolis, estima-se que 80 casas tenham sido afetadas no local, que fica próximo à Rua Tereza, conhecida área comercial do município perto do centro histórico.

Histórico de tragédias

A história da Região Serrana é marcada por episódios marcantes de tragédias envolvendo temporais. Em 1988, após dias ininterruptos de chuva, 134 pessoas morreram em deslizamentos de terra, desabamentos ou levadas pelas águas da enchente em Petrópolis. Centenas de moradores ficaram desabrigados.

Já em 2011, chuvas torrenciais que causaram enchentes e deslizamentos de terra que tiraram a vida de 918 pessoas. Além disso, 30 mil moradores ficaram desalojados. No episódio, que é considerado um dos maiores desastres socioambientais do país, o impacto foi maior nas cidades de Nova Friburgo e Teresópolis, mas Petrópolis também foi bastante castigada. (Colaborou Marcela Tosi)

Doações

A arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro lançou uma campanha de arrecadação de doações nas redes socias para ajudar as famílias atingidas pelas chuvas na região de Petrópolis. O arcebispo da arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Orani, pediu orações e caridade aos atingidos nesse momento. "Filhos e filhas, peço que neste momento de extrema necessidade dos nossos irmãos e irmãs da diocese de Petrópolis, a nossa caridade e oração possam socorre-los velozmente", disse Orani em publicação no Instagram. (Colaborou Pedro Rocha)

Com informações da Agência Brasil

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