Cão é internado após ingerir petiscos com suspeita de contaminação

 Dug ingeriu petiscos da marca Bassar e teve o rim comprometido, precisando passar por hemodiálises — Foto: Arquivo pessoal

Um cão da raça schnauzer está internado em um hospital veterinário de Fortaleza e lutando para sobreviver após ter ingerido um petisco com suspeita de contaminação. A Polícia Civil investiga o caso e afirma ter recebido, de vários estados do Brasil, relatos de pelo menos 40 mortes de cachorros que comeram o petisco.

Dug tem oito anos e ingeriu o alimento da marca Bassar no dia 13 de julho. Segundo a tutora do animal, a dona de casa Maria Freitas, no mesmo dia, horas depois da ingestão, Dug começou a passar mal, apresentando vômitos e sinais de intoxicação.

Ele foi levado, em seguida, para receber atendimento de um médico veterinário e, poucos dias depois, veio a confirmação de que o rim de Dug havia sido comprometido.

"Hoje ele está necessitando de diálise, hoje vai ser a terceira diálise, e eu não sei se o meu filho vai viver, se ele vai viver saudável ainda", disse , chorando, Maria Freitas.

O petisco foi oferecido por uma vizinha de Maria, a servidora pública federal Raquel Torquato. Ao g1, ela contou que comprou o alimento para a cadela dela, que rejeitou. Foi então que, ainda sem saber da repercussão dos casos de intoxicação por ingestão do alimento, ofereceu para a vizinha, tutora de Dug.

"Ao ingerir o petisco, ele começou a apresentar vômitos, muito vômitos. Após cinco dias naquele estado, eu entrei em contato com a loja que comercializou o produto informando do estado do Dug. Fui contactada pela Bassar no dia 19 de julho e a Bassar disse que não poderia ser do petisco. Após várias consultas, vários exames, uma internação, o Dug foi comprovado que ele estava com comprometimento renal grave, necessitando de hemodiálise e acompanhamento com nefrologista", disse Raquel.

O caso de Dug foi registrado através de um boletim de ocorrência em uma Delegacia de Polícia Civil de Fortaleza. Maria e Raquel iniciaram uma campanha para o tratamento do animal, que segue internado. Até esta terça-feira (6), a vaquinha já havia recebido cerca de R$ 2,6 mil. A chave Pix para doações é 664.442.763-49, no nome de Raquel Matos Torquato.

Ainda segundo a tutora, Dug deve passar por uma terceira diálise nesta quarta-feira (7) e, somente depois do procedimento, é que será possível saber se o animal teve o rim totalmente comprometido e se ele tem possibilidade de sobreviver.

Entenda

Três marcas de petiscos são investigadas por suspeita de contaminação: Dental Care, Every Day e Petz Snack Cuidado Oral. Todos são de fabricação da empresa Bassar. Na última sexta-feira, a Polícia Civil informou que, em um dos petiscos entregues à delegacia por tutores de animais que passaram mal ou morreram, foi identificada a presença de monoetilenoglicol.

A substância, que é tóxica e pode levar à insuficiência renal, já tinha sido detectada por meio de necropsia realizada pela Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em um dos cãezinhos mortos. Ainda na sexta-feira, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) determinou o recolhimento nacional de todos os lotes de produtos da Bassar e a interdição da fábrica, em Guarulhos (SP).

Nesta segunda-feira (5), a pasta informou que determinou a fiscalização dos estabelecimentos distribuidores.

O que diz a Bassar

"A Bassar Pet Food informa que decidiu interromper a produção de sua fábrica até que sejam totalmente esclarecidas as suspeitas de contaminação de pets envolvendo lotes de seus produtos. A empresa também está contratando uma empresa especializada para fazer uma inspeção detalhada de todos os processos de produção e do maquinário em sua fábrica, em São Paulo.

De modo preventivo, a companhia já estava recolhendo os lotes de duas linhas de alimentos, mas procederá agora ao recolhimento de todos os produtos da empresa nacionalmente, conforme determinação do Ministério da Agricultura, Pecuário e Abastecimento.

A Bassar esclarece que ainda não teve acesso ao laudo produzido pela Polícia Civil de Minas Gerais, mas está colaborando totalmente com as autoridades desde o início dos relatos sobre os casos. A empresa enviou amostras de produtos para institutos de referência nacional para atestar a segurança e conformidade de seus produtos sob investigação.

Além disso, acionou todos os seus fornecedores para que façam o rastreamento dos insumos utilizados para afastarem a hipótese de algum tipo de contaminação.

A empresa está solidária com todos os tutores de pets – nossos consumidores e razão de nossa empresa existir. Somos os maiores interessados no esclarecimento do caso. Por isso, a empresa vem tomando todas as providências para investigação dos fatos. Os consumidores podem tirar dúvidas pelo e-mail sac@bassarpetfood.com.br."

 
 
(G1/CE)

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