Conjuntivite: Fortaleza tem aumento de casos este ano em relação a 2021

 Fortaleza apresenta aumento de casos de conjuntivite em relação a 2021(foto: Reprodução/Freepik)

Os casos de conjuntivite em Fortaleza quase dobraram entre janeiro e agosto deste ano em comparação com 2021. Segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), foram registrados 1.142 casos da doença no período, enquanto nos mesmos meses do ano passado foram confirmados 593.

Apesar do aumento, segundo a SMS, o número não representa um surto de conjuntivite na Capital. Jailton Vieira, doutor em Oftalmologia e professor da Universidade Federal de Ceará (UFC), explica que a doença corresponde a uma inflamação da esclera, tecido fino que reveste o olho e a parte interna da pálpebra.

As formas mais comuns da conjuntivite são infecciosas ou alérgicas. "Dentre as causas infecciosas, a forma mais comum é a de origem viral. Como quase toda infecção viral, pode ser transmitida por contato direto ou indireto e, algumas vezes, por gotículas aéreas", pontua o oftalmologista.

A conjuntivite viral, forma mais comum, não tem tratamento específico, uma vez que a doença tende a ser autolimitada, esclarece o especialista. Algumas medidas, no entanto, podem ajudar no alívio dos sintomas iniciais de ambas as formas da doença, como compressas geladas e colírios lubrificantes.

"O diagnóstico da conjuntivite é clínico e se baseia na presença de uma história clínica típica com achados de exames e sintomas indicadores", explica o oftalmologista. A SMS dispõe de 116 postos de saúde na Capital, que podem ser procurados quando algum sintoma da doença for manifestado.

Os sintomas envolvem olhos vermelhos e lacrimejantes, pálpebras inchadas, sensação de areia ou de ciscos, além de secreção e coceira. O médico Jailton pontua que a conjuntivite não costuma deixar sequelas, mas existem formas da doença que podem comprometer a visão, como a conjuntivite gonogócica neonatal.

"Ela é transmitida para o recém-nascido pelo canal de parto e pode ter um desfecho desfavorável para a visão se não for tratada adequadamente", explica o oftalmologista. O combate à conjuntivite gonogócica neonatal é feito por meio do uso de antibióticos tópicos e musculares.

Aumento do número de casos

A principal explicação para o aumento do número de casos de conjuntivite em Fortaleza neste ano tem relação com a pandemia da Covid-19, segundo a SMS. O oftalmologista Jailton Vieira explica que o isolamento social em 2021 favoreceu para o número menor da doença, uma vez que as pessoas tiveram menos contato.

"No ano passado, ainda vivenciávamos um período maior de restrição, o que limitou a disseminação de casos. Neste ano, as pessoas estão voltando à vida normal e ocorreu um período inicial de mais aglomeração, o que facilitou a disseminação da doença", pontua o oftalmologista.

Outro fator que contribuiu para o aumento dos casos neste ano, segundo o especialista, foi a estação chuvosa mais intensa e de maior duração enfrentada pela população de Fortaleza. "Os casos de conjuntivite alérgica aumentam na época de floração de algumas plantas, como o cajueiro", pontua.

Férias estudantis também podem contribuir para uma maior incidência da doença. "Por ser uma doença cuja principal forma de transmissão envolve o contato direto, períodos de maior aglomeração nos lugares, como época de férias, podem eventualmente apresentar maior quantidade de casos", completa o oftalmologista.

O Povo

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