'Atirou nos amigos': mãe diz que filho atingido relatou ser amigo de aluno que atirou contra três adolescentes em escola no Ceará

 Aluno sendo socorrido após ser baleado por colega em escola de Sobral, no interior do Ceará — Foto: Reprodução

A mãe de uma das vítimas de um tiroteio em uma escola de Sobral, no Ceará, disse que o filho a informou, após o caso, que o jovem de 15 anos atirou contra os próprios amigos. O caso aconteceu nesta quarta-feira (5), e o filho dela foi atingido na perna. Outros dois alunos foram atingidos na cabeça. Um deles está em estado grave com suspeita de morte encefálica.

A arma utilizada no crime pertence a um CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador), conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS). O secretário estadual, Sandro Caron, informou que o jovem suspeito alegou sofrer bullying praticado pelos alunos lesionados.

    “Ele não sabe o que aconteceu, mas ele [filho dela] disse que ele atirou nos amigos dele. Não foi nos que faziam bullying com ele não”, declarou a mãe de um dos atingidos.


"Ele disse que estavam todos dentro da sala, na hora do recreio, aí o menino saiu, voltou, mas não sabia se ele estava armado. Quando 'deu fé', já foi os tiros. Ele estava sentado na janela, e o tiro atingiu a perna dele", disse a mulher.

Ela informou que o adolescente ficou internado para fazer uma cirurgia porque o disparo quebrou uma das pernas dele. A Santa Casa de Sobral informou que o paciente foi avaliado pela traumatologia, passou por um procedimento cirúrgico e encontra-se em estado estável, sendo acompanhado pela equipe multiprofissional.

Tiros em sala de aula

O atirador, de 15 anos, estuda na mesma sala de aula das três vítimas, onde cursam o 1º ano do Ensino Médio. O aluno havia ido para a aula no horário normal, levando livros e material escolar. O vigilante da escola não percebeu que ele estava com arma escondida sob o uniforme escolar. Por volta das 10h, ele fez os disparos que atingiu os colegas de sala.

A Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) lamentou o ocorrido e informou a Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede) 6, responsável pela região, adotou imediatamente as providências necessárias para socorro das vítimas e acionamento do trabalho policial.

"Os três alunos foram levados para atendimento na Santa Casa de Misericórdia de Sobral e seus familiares estão sendo acolhidos pela equipe da Coordenadoria Regional, que inclui assistente social e psicóloga", disse a Seduc.

Ainda conforme a Secretaria, a pasta tem reforçado, constantemente, ações visando a segurança do ambiente escolar, tanto em termos físicos quanto psicológicos. Além disso, a secretária da Educação, Eliana Estrela, está se deslocando para Sobral para acompanhar a situação e prestar o apoio necessário.

O aluno havia ido para a aula no horário normal, levando livros e material escolar. O vigilante da escola não percebeu que ele estava com arma escondida sob o uniforme escolar. Por volta das 10h, ele fez os disparos que atingiu os colegas de sala.

‘A gente acha que nunca vai acontecer com nossa família’


Outra mãe de uma das vítimas também falou sobre o caso. “Infelizmente é uma coisa que a gente acha que nunca vai acontecer com a nossa família, mas a violência está muito grande. A gente fica sem saber o que fazer”, declarou a mulher.

O filho dela foi atingido com um tiro na região da cabeça, mas foi liberado após receber atendimento médico, sem necessidade de internação. “Ele só disse que quando o outro começou a atirar, todo mundo saiu correndo da sala, e ele já foi direto para o banheiro se limpar. Ele foi atendido na Santa Casa. O médico fez uma tomografia e disse que ele não precisava ficar internado”, explicou a mãe.

    Ela também comentou sobre o estado de saúde do adolescente, que por pouco não teve uma lesão mais grave. “Para mim, foi um livramento de Deus. O coração da gente fica muito pequeno. A gente bota o filho para a escola, achando que está seguro, mas não está de jeito nenhum”, relatou.

"No momento, eu estava trabalhando. Ele disse que não viu nada. Eu perguntei, mas ele estava muito abalado, ele disse que estava de costa. Na hora que começou os tiros, ele sentiu na cabeça dele, e correu para o banheiro para limpar. Aí não voltou mais para a sala, e já foi levado para a Santa Casa", relata a mãe.

A mãe disse que o filho não comentou sobre o relacionamento com o atirador. Ela disse ainda que o filho dela não falou se estuda na mesma sala que o adolescente armado, e que ela não conhece o jovem apontado como atirador.

Vítimas abaladas


Ambas as mães disseram que os filhos falaram pouco sobre o ocorrido, porque estão abalados emocionalmente com a situação. “Ele é muito calado, não fala nada. Quando eu cheguei, ele estava sentado no mesmo lugar da sala”, disse a mãe do adolescente atingido na perna.

    “Quando ele me viu, ele começou a chorar. Eu disse que ele não chorasse, porque ele ia ficar bem. Eu disse 'se acalma que a gente vai sair dessa'. Eu não sabia que tinha quebrado a perna dele, achei que a bala tinha só atravessado”, complementou.

Já a mãe do menino atingido de raspão disse que notou mudança no comportamento do filho. “Ele está muito abalado. Ele já é muito 'caladinho', mas coração de mãe sabe, eu percebo como está o jeito dele. Ainda está muito assustado”, falou.

Ela disse ainda que o filho dele é tranquilo. Ela falou, inclusive, que alguns amigos dele foram à casa da família para tocar violão e conversar com o filho dela, e depois saíram para ele descansar após o ocorrido. 



(G1/CE)

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