Covid: o que é a BQ.1? As vacinas continuam protegendo? Saiba mais sobre a subvariante da ômicron

 BQ.1: o que se sabe sobre variante da ômicron descoberta no Brasil — Foto: NIAD-NATIONAL INSTITUTE OF ALLERGY AND INFECTIOUS

A primeira morte em decorrência dessa nova subvariante, confirmada pelo Ministério da Saúde na terça-feira (8), foi de uma mulher de 72 anos que tinha comorbidades e, segundo a prefeitura de Diadema (SP), não tinha tomado as quatro doses recomendadas de vacina.

Com sintomas semelhantes às variantes anteriores, a BQ.1 não é de maior gravidade. De qualquer forma, a recomendação da Sociedade Brasileira de Infectologia, divulgada em nota nesta sexta (11), é completar o esquema de vacinas - que protegem contra essa nova subvariante - e manter medidas como o uso de máscaras e distanciamento social, principalmente pela população mais vulnerável, como idosos e imunossuprimidos.

Veja o que se sabe sobre a nova variante de Covid e como se cuidar:

  • O que é a BQ.1?
  • Quais os sintomas?
  • As vacinas atuais continuam protegendo?
  • E as novas versões de vacinas?
  • Quais cuidados devemos tomar?
  • Covid longa preocupa

BQ.1: o que se sabe sobre variante da ômicron descoberta no Brasil — Foto: NIAD-NATIONAL INSTITUTE OF ALLERGY AND INFECTIOUS

O que é a BQ.1?

A BQ.1 está entre as mais de 300 sublinhagens da variante ômicron que circulam pelo mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 95% dessas sublinhagens são descendentes diretas da BA.5.

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Europa (ECDC), não há evidência de que BQ.1 esteja associada a uma maior gravidade da infecção do que as variantes BA.4/BA.5 da ômicron.

"O que sabemos é que ela tem alta transmissibilidade, compatível com outros subtipos da variante ômicron, mas, até o momento, pelos dados de outros países, não é de maior gravidade", explica a epidemiologista Ethel Maciel.

A BQ.1 parece escapar mais facilmente da proteção das vacinas (mas isso não significa que as vacinas não protegem, como explicamos mais abaixo). Ela apresenta mutações na proteína spike que dificultam o reconhecimento e a neutralização do vírus pelo sistema imunológico.

Quais os sintomas?

Especialistas dizem que os sintomas são semelhantes às variantes anteriores. Veja quais são eles:

  • Febre ou calafrios
  • Tosse
  • Falta de ar ou dificuldade para respirar
  • Fadiga
  • Dores musculares ou no corpo
  • Dor de cabeça
  • Perda de paladar ou olfato
  • Dor de garganta
  • Congestão ou nariz escorrendo
  • Náusea ou vômito
  • Diarreia

"Os sintomas são basicamente os mesmos: dor de cabeça, tosse, dor de garganta, quadro febril, perda de olfato e paladar. Mas, felizmente, não temos visto pacientes com gravidade. Temos visto casos mais leves, mais brandos, sem internações", explica a infectologista Karen Mirna Loro Morejón, diretora da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI).

Frascos das vacinas de Oxford, CoronaVac e Pfizer — Foto: Arquivo g1/Cristine Rochol/PMPA

As vacinas atuais continuam protegendo?

Sim! Embora as subvariantes da ômicron "escapem mais facilmente" da proteção das vacinas atuais, elas continuam protegendo.

"Mesmo que tenha esse escape, ainda há proteção. As pessoas devem completar seus esquemas vacinais. Quanto mais gente imunizada, maior a proteção populacional. É assim que conseguimos manter as doenças com maior controle", diz Morejón, que também é infectologista no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, reforça que a vacina já provou que funciona, mas é preciso completar o esquema vacinal.

“A vacina é muito importante para reduzir esse risco de gravidade, principalmente em relação às doses de reforço. Dose de reforço é fundamental para manter essa proteção adequada das vacinas”, afirma.

E as novas versões de vacinas?

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está analisando dois pedidos da Pfizer referentes às vacinas chamadas bivalentes. Uma delas contém, além da cepa original, a subvariante ômicron BA.1. Já a outra versão engloba as subvariantes BA.4/BA.5.

Pessoas mais vulneráveis, como idosos e imunossuprimidos, devem continuar com as medidas de prevenção não farmacológicas — Foto: Ana Marina Coutinho/SGCOM/UFRJ

Quais cuidados devemos tomar?

Para Morejón, além da vacinação em dia, a população deve fazer a "gestão de risco". Ou seja, se você está num ambiente fechado, nesse cenário de aumento de casos, use máscara. "Mesmo não sendo de um grupo vulnerável, mesmo não tendo nenhuma comorbidade, você pode adoecer e pode levar a doença a outras pessoas".

Manter a higiene das mãos, evitar aglomerações, usar máscara em ambiente fechado e atualizar o calendário de vacinas com as doses de reforço continuam valendo nesta fase da pandemia.

Em nota, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) reforçou que a população procure os postos de saúde para receber a dose de reforço. Além disso, lembrou que pessoas mais vulneráveis, como idosos e imunossuprimidos, devem continuar com as medidas de prevenção não farmacológicas, como o uso de máscaras e distanciamento social.

E se você tiver algum sintoma gripal, faça o teste de Covid, se isole, evite contato com as pessoas até o resultado sair. Se fizer o teste no início dos sintomas e der negativo, a infectologista sugere repetir o exame 48 horas depois para evitar o "falso negativo".

Covid longa preocupa

Não é porque estamos vendo muitos quadros leves de Covid que devemos relaxar.

O neurocientista Miguel Nicolelis fez um alerta no Twitter: "Nova variante BQ.1 que surgiu da BA 5 escapa mais da cobertura das vacinas que temos no Brasil. É preciso investir na compra de novas vacinas, incentivar de novo o uso de máscaras e combater o crescimento de casos PORQUE ESTE É UM VÍRUS PARA NÃO SE PEGAR porque ele pode levar a sequelas crônicas!"

Morejón concorda. "O melhor é sempre não pegar. Assim como a maioria evolui bem, há pacientes com sintomas de longo prazo. Não podemos admitir que uma pessoa morra de uma doença imunoprevenível".

Entre as sequelas de Covid longa (longo prazo) que a infectologista tem visto estão: cansaço, cefaleia, casos de enxaqueca, problemas renais, perda de memória, confusão mental. "Existe um impacto da Covid na vida pessoas, sim. Não é porque é leve que devemos baixar a guarda", diz.

Um estudo holandês publicado em agosto apontou que um em cada oito adultos infectados com o vírus Sars-CoV-2 experimenta sintomas de Covid longa, que é quando um ou mais sintomas persistem quatro semanas após a infecção.

A pesquisa descobriu que vários sintomas eram novos ou mais graves três a cinco meses depois de a pessoa ter tido Covid-19, em comparação com os sintomas antes da infecção e grupo controle (que não positivou para o vírus). 

G1

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