Quando o trânsito para, começa o desrespeito. Um flagrante atrás do outro, de veículos circulando pelo acostamento. A infração é gravíssima, gera sete pontos na carteira e multa de até R$ 1,5 mil.
“Um tem mais pressa do que o outro. Se acha mais esperto, vai ganhar cinco minutos, mas lá na frente não vale a pena”, diz o vigilante Diego Feliciano.
As irregularidades foram registradas por câmeras instaladas nas BRs 116 e 376, no Paraná. A Polícia Rodoviária Federal fez um acordo com a concessionária que administra essas rodovias para usar o sistema de monitoramento e fiscalizar os motoristas.
“Existe a Resolução 909 do Contran, que autoriza a fiscalização através de videomonitoramento. Essas fiscalizações podem ser realizadas em relação a infrações em que não é necessária a abordagem para que seja lavrado o auto de infração”, explica o inspetor da PRF Kaio Simões.
Os policiais ficam dentro da sala de controle da concessionária, de olho em tudo o que está acontecendo. Quando eles identificam alguma irregularidade, aplicam multa. São pouco mais de 200 câmeras em quase 300 quilômetros de rodovia.
“A câmera tem um zoom óptico de 70 vezes, então a gente consegue aproximar em detalhes o veículo, todos os caracteres desse veículo, a placa desse veículo. É um equipamento que, para os olhos policiais, para a segurança pública, é fundamental”, conta o gerente de operações da concessionária, José Júnior.
A fiscalização se concentra na BR-376, entre Paraná e Santa Catarina, onde, em novembro, um deslizamento de terra provocou a morte de duas pessoas. Ainda há obras no local, e o trânsito funciona com restrições. Filas quilométricas têm sido registradas quase todos os dias. Em alguns momentos, o acostamento parece uma terceira faixa, de tantos motoristas que passam. Outros chegam a ligar o pisca-alerta.
Onde as câmeras não chegam, a fiscalização é feita do helicóptero: os agentes usam uma câmera fotográfica que consegue registrar quem está irregular no acostamento.
“O acostamento não é uma pista de rolamento. Ele é um local de recuo destinado a situações de emergência. Então, se o veículo apresentou uma pane, ele vai achar no acostamento uma área segura. E o acostamento é uma rota alternativa para os veículos de emergência, os veículos de urgência. E aí a gente acaba se deparando com um veículo no acostamento, e isso causa um prejuízo muito grande para o cidadão que está aguardando esse socorro”, explica Kaio Simões.
Atenção nas estradas
Em Minas Gerais, o mau tempo dos últimos dias vem contribuindo para acidentes graves nas estradas.
Por todo lado há pista molhada, trânsito lento e interdições. O Estado de Minas Gerais tem mais de 90 pontos de bloqueios nas rodovias federais e estaduais.
Em Corinto, na região central de Minas, quatro pessoas morreram em um acidente entre um carro e um caminhão-tanque, na BR-135. Segundo a concessionária que administra a rodovia, o carro invadiu a contramão.
Na BR-381, em Itatiaiuçu, 11 pessoas ficaram feridas num acidente entre uma carreta e cinco carros, no sentido São Paulo. Ainda na Fernão Dias, em Itaguara, um caminhão que ia para BH tombou com a carga de laranjas.
Em Contagem, uma carreta bateu na mureta central e ficou atravessada na pista. Em Itabirito, o motorista de uma carreta que levava toras de eucaliptos morreu na BR-040, região central de Minas. De acordo com a concessionária, o veículo perdeu o freio e bateu numa caminhonete, e a carga esmagou a cabine da carreta.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, nesse período chuvoso é bom dirigir durante o dia, e estar atento para reagir a qualquer imprevisto na estrada, como buracos ou poças d’água. E os cuidados para evitar acidentes valem para carretas e carros: como checar os freios, fazer revisão no motor, pegar a estrada com pneus em boas condições.
“O pneu tem uma importância fundamental, porque é ele que está em contato com a rodovia. Ele que vai ser o diferencial entre você se manter ou não na pista, manter a sua trajetória ou não, então ele é vital nesse momento”, alerta o inspetor da PRF Aristides Júnior.
E até um porta-malas cheio pode ser um risco na viagem.
“Isso não era para estar aqui, porque a gente não precisa. Quando a gente sair, eu vou dar uma puxadinha para o lado, dar uma arrumadinha para não perder o retrovisor”, garantiu o motorista José Pedro dos Santos, diante das bagagens em seu carro. Ele saiu de São Vicente, litoral de São Paulo, com a mulher, o filho, irmãs e cunhados, para passar férias em Arapiraca, Alagoas. Vão parar para descansar à noite, mas a chuva preocupa a família.
“Nós fizemos uma revisão para ter uma segurança maior. Então, considerando a situação das estradas, esburacadas, isso acaba gerando muito acidente. Uma aquaplanagem ou no caso de uma chuva assim, pode acontecer, mas é dirigir com cuidado, ter atenção”, alerta o supervisor de operações Paulo Alves.
São três dias de viagem até o Nordeste, e o Pedro, até lá, vai em segurança. Na cadeirinha.
G1


