Luxo de traficante do Pará era bancado com sequestros-relâmpago e extorsão via Pix

 Leo 41: ostentação com o dinheiro e traumas alheios — Foto: Reprodução

Ali também percebeu que em determinado trecho da BR-101, que corta aquele município, os motoristas tinham que reduzir a velocidade para passar em dois pardais que ficam na altura de Duques.

Crime sincronizado com o horário do Pix

O local virou ponto estratégico para bandidos sequestrarem motoristas, roubarem seus carros e tirar tudo o que podiam deles mediante transferências via Pix, cartão de crédito ou DOC/TED.

Uma das vítimas, que foi alvo em abril de 2021, contou na 71ª DP, em Itaboraí, que após ter feito duas transferências de R$ 3,5 mil e R$ 1,5 mil por Pix, ouviu os bandidos dizerem que era para pegar o cartão de crédito e usar para comprar uísque.

“Disseram que depois dava para vender”, relatou na delegacia.

Outro detalhe da tática da quadrilha era manter as vítimas por várias horas em seu poder para esperar que o horário com limite de operações do Pix mudasse e eles pudessem extorquir ainda mais das pessoas rendidas.

Uma resolução do Banco Central limita as transferências via Pix em R$ 1 mil das 20h às 6h, todos os dias.

Assim, era comum para a vítima ficar até cinco horas em poder dos bandidos.

Léo 41: colar com a bandeira do Pará e seu apelido no mundo do crime — Foto: Reprodução/Redes sociais

Pano no rosto e abandono em matagal

Uma das vítimas foi levada para dentro da comunidade Apolo II, em Itaboraí. Lá, viu criminosos fazerem compras com seus cartões no valor de R$ 5 mil. Também teve o celular e o carro em que trafegava roubados. Por fim, foi deixada em um matagal perto da empresa Usinando Caldeiraria.

A abordagem também seguia sempre o mesmo ritual: o carro da vítima era fechado por um outro com três a cinco bandidos, eles pegavam a vítima, a colocava no banco de trás de seu carro e mandava que cobrisse o rosto para que assumissem a direção do veículo.

Em outro caso, a vítima só não foi levada para dentro de uma favela para ser extorquida porque viajava com um amigo e tinha malas no banco traseiro.

Na hora da abordagem, quando foi mandado com o amigo para o banco de trás e não conseguiu ir por causa das malas, teve uma arma apontada para a nuca. Desesperado, em um momento de descuido dos bandidos, correu com a outra vítima para fora do carro.

Deixou para trás o carro, as malas, 400 dólares do amigo que era americano, e ficou com um trauma da BR-101, também conhecida como Nitéroi-Manilha. 

G1

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