Mulher trans brasileira é impedida de deixar os Emirados Árabes após acusação por tráfico de drogas; família tenta retorno

 Cearense é impedida de deixar os Emirados Árabes Unidos pela Justiça local. — Foto: Getty Images via BBC

 

Uma mulher trans cearense está sendo impedida de deixar Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, por impedimento da Justiça local. Segundo familiares, ela foi presa no país em setembro de 2022 acusada de tráfico de drogas. Ela foi absolvida da acusação, mas até hoje não consegue retornar ao Brasil, pois não conseguiu fazer o exame de urina requisitado pela Justiça local.

Familiares preferem que a jovem não seja identificada. Eles alegam que ela sofreu transfobia por parte dos policiais em Dubai durante a apreensão e revelam que ela vive com medo, crises de ansiedade e pouco dinheiro. O contato com ela está sendo feito com a ajuda de ONGs.

Viagem a Dubai

O caso começou quando a brasileira planejou uma viagem à Europa com uma amiga. As duas, então, resolveram visitar os Emirados Árabes para um aniversário, o que duraria cerca de 10 dias. A familiar conta que a mulher tinha contato com um homem que já havia sido preso em Dubai, o que foi o ponto decisivo para sua prisão.

Segundo a família, ele estava ajudando a brasileira no país, como um guia turístico. Em 7 de setembro de 2022, enquanto a jovem conversava com um amigo de São Paulo, a polícia local bateu na porta de seu apartamento, levando-a à delegacia.

"Desde o dia que ela foi presa foi difícil o contato. Eu tive que fazer pesquisa na Internet (para achar algum órgão de Dubai que pudesse dar informações sobre a jovem). A gente implora por notícias. Hoje ela não tem celular, porque é muito perigoso. Vive com medo, ansiedade, é um terrorismo", conta a familiar.

As ONGs Me Too Brasil e Só Sim é Sim se envolveram no caso. A Me Too disponibilizou um psicólogo para ajudar a jovem e entraram com um pedido de apelação junto à Justiça de Dubai.

Família alega transfobia

Como não foi encontrado nenhum tipo de droga com a jovem, ela chegou a ser absolvida em um primeiro momento. No entanto, ela não conseguiu fazer o exame de urina, passo necessário nesse tipo de acusação em Dubai. A família alega que ela sofreu transfobia.

“O exame de sangue foi realizado, mas o de urina não. Dentro da delegacia, os policiais e presos a humilharam, dizendo que ela era homem e que tinha que urinar em pé, mas ela não conseguia”, descreve a familiar.

A familiar ainda acrescenta que a justiça de Dubai processou a brasileira afirmando que ela não quis fazer o exame, deixando-a sem condições de sair do país. “Desde que minha sobrinha foi presa, nós estamos arcando com as despesas dela. Até dentro da detenção a gente arcava, tinha que enviar dinheiro. Lá é tudo muito caro. Não temos condição de bancar mais nenhum centavo”, relata.

A tia da jovem alega que entrou em contato com órgãos brasileiros para pedir ajuda. O Ministério das Relações Exteriores informou que acompanha o caso por meio da embaixada do Brasil em Abu Dhabi e está prestando assistência à cearense. Mais informações não foram repassadas. O g1 entrou em contato também com a Defensoria Pública da União nesta sexta-feira (21), mas não recebeu resposta sobre o caso. 

 

 (g1/CE)

Postagens mais visitadas