Avó pede na Justiça a guarda de netos após a mãe ser assassinada por padrasto

Avó pede na Justiça a guarda de netos após a mãe ser assassinada por padrasto, em Fortaleza. — Foto: José Leomar/SVM

 

A dona de casa Francisca de Fátima Sampaio solicitou na Justiça a guarda dos dois netos, de 11 e 12 anos, após a filha dela — mãe das crianças — ser assassinada por um ex-companheiro. O crime vitimou ainda uma criança de dois anos, filha da jovem de 23 anos, identificada como Priscila Sampaio Uchoa, e do acusado do feminicídio. 

A jovem foi morta no dia 15 de março de 2018, executada com mais de 15 tiros. Priscila deixou dois filhos, frutos do primeiro relacionamento. As crianças já eram órfãos de pai e sempre viveram aos cuidados da avó materna. À época da morte da mãe, elas tinham seis e cinco anos.

Fátima ficou sabendo, pela conselheira tutelar do bairro onde mora, sobre o mutirão da Defensoria Pública do Estado do Ceará (DPCE) para regularizar legalmente a situação dos netos.

“Eu quero legalizar a minha situação com eles, porque no colégio me pedem a guarda, mas realmente não tenho. Eles me chamam de mãe, eu sou a mãe deles, o meu marido quer ainda adotar os meninos, porque eles não conhecem o pai. Meu marido é o pai que eles conhecem”, disse a dona de casa.

“Então, precisamos ajustar tudo isso e até o último dia da minha vida vou fazer o que estiver ao meu alcance para o bem-estar deles”, complementou.

Sempre aos cuidados da avó

“A minha filha ficou grávida muito jovem, com 16 anos, e quando o companheiro dela faleceu, ela já estava grávida de cinco meses e com um bebê no colo de nove meses. Sempre cuidei deles, desde o dia do nascimento, porque a minha filha era muito jovem e eu não ia abandonar”, relembrou a avó das crianças.

“Depois ela começou a se envolver com outra pessoa, ficou grávida novamente e começou a sofrer. Essa pessoa fazia muito mal a ela e à filha deles. Até que aconteceu essa tragédia nas nossas vidas”, complementou a dona de casa.

Mutirão da Defensoria

Fátima é uma das 57 pessoas inscritas até agora no projeto Abraçar – Mutirão de Regularização de Guarda de Crianças e Adolescentes com Enfoque na Orfandade da DPCE. A ação é voltada para parentes e outros cuidadores que fazem a guarda informal de crianças e adolescentes – sem pai, mãe ou ambos – e precisam sanar essa situação.

“Esses guardiões que estão com a guarda informal, que podem ser familiares, como tios, avós, primos, irmãos ou terceiros com vínculos afetivos, costumam encontrar mais dificuldades quando precisam realizar procedimentos burocráticos, como emissão de documentos de RG e CPF, requerimento de benefícios previdenciários, entre outros direitos que precisam da representação legal da criança e do adolescente”, explicou a supervisora do Núcleo da Infância e Adolescência (Nadij), Jaqueline Torres.

“Daí a importância de regularizar a guarda informal para possibilitar a efetividade de todos os direitos fundamentais estabelecidos no Estatuto da Criança e do Adolescente no intuito de garantir a proteção integral”, complementou.

Pessoas que estão em uma situação semelhante podem realizar a inscrição online (clique aqui) até esta quarta-feira (10). Os atendimentos presenciais acontecem durante os dias 15 e 16 de maio, no Núcleo da Infância e Adolescência (Nadij), quando serão peticionadas as ações judiciais cabíveis. A Defensoria reforçou que antes do atendimento presencial é necessário realizar inscrição prévia na internet.

Na página de inscrição, existe um formulário com dados pessoais e um relato sobre a situação da criança ou do adolescente. Quem tiver dificuldade com o formulário, pode ir pessoalmente à sede do Nadij, de 8h às 17h, para realizar inscrição. Há um número disponível para dúvidas e demais informações (85) 98424-0004.

O projeto é uma parceria entre a Defensoria Pública do Estado do Ceará e a Articulação em Apoio à Orfandade de Crianças e Adolescentes pela Covid-19 (AOCA) e Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa. 

 

 

 (G1/CE)

 

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