Mãe ainda não leu carta de despedida deixada pelo filho que morreu de câncer

 

Luan era 'alma gêmea' da mãe Daiany.  — Foto: Arquivo Pessoal


"No começo eu não sabia da carta. Sabia que ele ia deixar o celular com a minha filha. Já estava no leito de morte quando ele me contou que tinha deixado uma carta. Ele não gostava de drama, mas foi enfático ao pedir para postar".

Na carta, Luan dedicou um espaço especial para mãe. Amigos, confidentes e alma gêmeas, assim que Daiany descreveu a relação que tinha com o filho.

"Minha mãe é a mulher mais incrível que eu conheço a que eu mais amo nesse mundo, sempre presente, nunca me abandonou, mulher que batalha, que pensa mais nos filhos doq em si mesma, sei que está sofrendo, maaaas, erga a cabeça, vai fazer sua caminhada e bola pra frente, te amo, Mãe", escreveu Luan.

A carta

Carta foi compartilha nas redes sociais do jovem. — Foto: Redes sociais/Reprodução

Luan morreu aos 30 anos, em 28 de fevereiro de 2023. Quase três meses após a morte, a irmã do jovem, Thaiz Andrade resolveu revisitar a carta que o designer deixou à família e amigos. Foi então que a manicure decidiu compartilhar as frases em mais uma rede social. Em poucas horas, o relato póstumo de Luan viralizou.

Entre uma frase e outra, as memórias de momentos felizes se sobressaem. Ao longo dos quatro anos de tratamento contra o câncer, Luan Henrique Abreu Andrade buscou nas palavras uma forma de acalentar os amigos e familiares.

As frases juntam lembranças e um pedido para que todos que eram próximos ao jovem entendam a partida como um ciclo. Foi durante o processo árduo de luta contra dois cânceres que Luan se debruçou e escreveu o texto em um tom leve.

"Eu odeio fazer as pessoas tristes. Mais do qualquer outra coisa, eu amo fazer as pessoas rirem e sorrirem. Então, por favor, ao invés de pensarem no final da minha história, riam das memórias e do que a gente fez junto. Bom, dizer adeus custa muito, mas não existe vida sem despedida".

Luta contra o câncer

A família reunida. — Foto: Arquivo Pessoal

Foram quase quatro anos de luta contra o câncer. A mãe de Luan, Daiany Eanhan Abreu, relembrou a trajetória de tratamento do filho. Primeiro a doença atingiu um dos joelhos do jovem, depois de uma metástase, a doença se espalhou para os pulmões.

"No início o câncer foi no joelho, depois deu metástase. Depois de dois anos do câncer no joelho, a doença voltou grande no pulmão dele. Mesmo com a dor, meu filho estudava sobre a doença dele, era muito inteligente. Nós lutamos para ele sarar", relata Daiany.

Durante as várias fases do tratamento, Luan se manteve firme, não gostava de ser tratado como "doente", como Daiany recorda. A família que é de Camapuã (MS) sempre acompanhou o jovem em Campo Grande, onde as quimioterapias eram realizadas.

"Ele sabia que tinha um tempo de vida. Meu filho sempre foi forte, enfrentava a doença com força. Era só eu e ele no tratamento da doença, não gostava que tratava ele como doente. Meu filho pediu a Deus que se ele morresse, não fosse com dor". 

G1

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