Quem é e como agia socialite de Fortaleza suspeita de aplicar golpe milionário

aymerr
Foto: Reprodução


De empresária com presença frequente nas colunas sociais à suspeita de estelionato. Após quase um ano de investigação, a socialite Aymerr Quinderé Sousa foi presa, em Fortaleza, no último dia 25 de maio por, supostamente, ter aplicado golpes que ultrapassam o valor de R$ 1 milhão contra vítimas que investiram na empresa do ramo de pescados, em nome da comerciante.

Em nota, a defesa de Aymerr, representada pelo advogado Miguel Fernandes Pessoa Neto,nega as acusações e esclarece que "a prisão representa medida extremamente excessiva, que o inquérito policial sequer foi finalizado, tampouco subsiste denuncia e processo formalizado em desfavor da investigada".

Desde 2022, a Polícia Civil do Ceará vem investigando Aymerr, devido a uma série de denúncias de, pelo menos, seis homens que se disseram vítimas dos golpes. O modus operandi, conforme os denunciantes, se repetia: Aymerr ofertava às vítimas chance de investimento financeiro prometendo lucros ou que em troca pagaria os valores acrescidos de juros.

As vítimas afirmaram que, em meio aos círculos da 'alta sociedade', a mulher ganhava confiança de quem acreditava no negócio e na parceria. A reportagem teve acesso aos depoimentos, nos quais um dos homens contou ter transferido para a suspeita a quantia de R$ 661 mil.

DETALHES DOS CRIMES

Conforme os denunciantes, os alvos da suspeita costumam ser homens que sejam empresários ou servidores públicos. Em 2022, um empresário prestou boletim de ocorrência dizendo ter feito aporte financeiro de R$ 300 mil, tendo Aymerr se comprometido a quitar o empréstimo até 30 de abril de 2022. O que, segundo ele, não aconteceu.

    As cobranças continuaram até que a suposta vítima decidiu levar o caso ao conhecimento das autoridades.

Outro homem conta que foi abordado pela empresária ainda em novembro de 2020, quando começou a fazer os repasses financeiros "sob promessa de que a mulher investiria os valores em compras de patolas de caranguejos".


O servidor público diz ter conhecido Aymerr em um aplicativo de relacionamentos. Em pouco tempo ele já tinha transferido R$ 600 mil. Nas vezes em que pediu o dinheiro de volta, ele diz ter recebido como alegação a informação de que o aplicativo do banco da empresária estava fora do ar ou de que ela estava doente.

A reportagem também teve acesso a documentos que mostram relatos de outras vítimas que afirmaram ter transferido, cada um R$ 215 mil, R$ 20 mil, R$ 75 mil e R$ 50 mil. Uma delas, contou em depoimento que ao cobrar o valor devido teve como resposta da empresária que "os bancos estavam travando o dinheiro dela".

    "Se apresentou como vendedora de frutos do mar e propôs uma parceria com o declarante. Ela solicitou um aporte financeiro, e em troca do valor investido receberia uma porcentagem, de acordo com o tipo de produto vendido. Diante da proposta, aportou inicialmente R$ 50 mil. No início, ela cumpria com o trato para ganhar-lhe a confiança, e depois sugeriu que o dinheiro ficasse na empresa para ser usado como capital de giro. O declarante ainda realizou outros aportes que totalizaram R$ 315 mil na empresa SABORES DO MAR de AYMER QUINDERÉ SOUSA. Há cerca de 6 meses, solicitou o valor de R$ 50 mil e ela começou a fornecer várias desculpas para não lhe repassar o dinheiro, deixando-o no prejuízo"

    Trecho do depoimento de uma das vítimas

Quando foi ouvida na Delegacia, Aymerr disse conhecer as pessoas que se apresentaram como vítimas e confirmou ainda ter recebido dinheiro para investimento. No entanto, negou à Polícia Civil que um dos homens, por exemplo, tivesse pedido o dinheiro de volta e ela teria negado. Em outro momento do depoimento, ela falou aos investigadores que passou por dificuldades financeiras e que não teve como honrar a dívida devido aos "juros exorbitantes de quase 15%".
NOTA DA DEFESA NA ÍNTEGRA:

"Em nota a defesa de Aymerr esclarece que a prisão representa medida extremamente excessiva, que o inquérito policial sequer foi finalizado, tampouco subsiste denúncia e processo formalizado em desfavor da investigada.

Destaca ainda a defesa que a investigada recentemente apresentou esclarecimentos perante a autoridade policial acerca das acusações que sofre, nele juntando centenas de documentos que provam sua boa-fé e inocência, somando quase R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) de pagamentos as pessoas que se dizem vítimas de golpes, mas que na verdade, em alguns casos, emprestaram dinheiro a juros abusivos, em nítida caracterização de agiotagem, e noutros fizeram investimentos comerciais de risco, cujos retornos financeiros positivos dependiam do balanço comercial, tendo a própria investigada não conseguido auferir lucro algum, perdido tudo que possuía, sem dinheiro em banco, nem possuindo bens móveis e/ou imóveis, até mesmo sofrendo busca apreensão do veículo que utilizava, único bem que havia lhe restado.

O ilícito criminal de estelionato a qual lhe é imputada, portanto, inexiste. Não há dolo, também não houve obtenção de vantagem ilícita, nem para si, tampouco para outrem.

Além disso, os fatos que ensejaram a ordem prisional não são contemporâneos e a própria investigada, ciente de sua falência, saiu por definitivo da empresa e não abriu outra empresa, situação que igualmente demonstra sua lisura, afastando de vez possível alegativa de reiteração delitiva da sua parte, próprio de quem realmente comete o ilícito de estelionato, que permanece ativo no mercado ou cria outras empresas para se manter camuflado e seguir aplicando ‘golpes’ noutras pessoas"
MOMENTO DA PRISÃO

A PCCE instaurou inquérito devido à quantidade de vítimas para apurar a conduta da denunciada pelo crime de estelionato mediante fraude no pagamento por meio de cheque. O caso também passou a ser de conhecimento do Ministério Público do Ceará (MPCE), que solicitou mais diligências.

No último dia 16 de maio, a Polícia Civil pediu a decretação da prisão preventiva da socialite. Na semana seguinte o mandado de prisão foi cumprido. No dia 26, a empresária passou por audiência de custódia.

Na sessão, o juiz entendeu que não houve ilegalidades no cumprimento do mandado de prisão expedido, “motivo pelo qual determino a remessa dos autos ao órgão judicante cuja decisão originou a ordem de prisão, para as providências pertinentes, nos termos da portaria supramencionada”.

    "A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informa que a Polícia Militar do Ceará (PMCE) cumpriu, no último dia 25 de maio, um mandado de prisão preventiva em desfavor de uma mulher de 46 anos, investigada por crime de estelionato. O mandado foi solicitado pela Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE). A captura ocorreu no bairro Sapiranga – Área Integrada de Segurança 7 (AIS 7) de Fortaleza. Na ocasião, a suspeita foi conduzida para o 13º Distrito Policial (DP), onde a decisão judicial foi cumprida. A PC-CE segue com as investigações"

No dia 1º de junho a suspeita deu entrada no presídio feminino Auri Moura Costa. Por meio da 84ª Promotoria de Justiça de Fortaleza, o MP informa que o processo se encontra sob vistoria das autoridades policiais, para que procedam com as diligências necessárias: com o andamento das apurações policiais do caso, o MP adotará as providências cabíveis".

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