Homem vende esculturas de "cocô" no Centro de Fortaleza: "Estou vendendo bosta"

 Homem em situação de rua vende artesanato de "cocô"

Todos os dias Renan Gondim, 39, e Geovana Faheina, 41, passam pela rua Barão do Rio Branco, no Centro de Fortaleza, para irem ao trabalho. No trajeto, eles sempre viam um senhor vendendo um material estranho na calçada. Nesta quinta-feira, 6, a curiosidade falou mais alto, e eles decidiram parar e perguntar o que o homem estava vendendo. “Estou vendendo bosta”, respondeu.

“Como assim você vende bosta?”. O vendedor então explicou: “Estou usando meu talento”.

O cocô não é de verdade. É uma escultura feita com papelão e outros materiais encontrados no lixo. Elas custam em torno de R$ 5, mas variam de acordo com o tamanho. O dinheiro da venda dos produtos, no entanto, não é o suficiente para pagar por uma moradia.

“Uma vez meu pai me disse: ‘Quando a situação estiver ruim, meu filho, venda merda, mas não roube'. 'Tô' eu aqui, sem concorrência, e bola para frente”, diz Honovo Carneiro, 55, o responsável pelas criações.

Ele está em situação de rua há cerca de 12 anos, e a razão teria sido uma enchente no bairro Aerolândia. “Rapaz, na época muitas famílias ficaram desabrigadas, foi uma enchente grande. O [meu filho] mais velho sabe dessa história. Perdemos muitas famílias, dormimos na rodoviária, é uma história longa”, desconversou.

Na época da enchente relatada por Honovo, ele conta que não tinha nenhum problema com álcool ou drogas, mas a enchete o "deixou na merda". “Na rua, o veneno é grande.”

De acordo com pessoas que trabalham na região, ele está morando na rua Barão do Rio Branco há cerca de seis meses. “Ele é uma pessoa incrível, maravilhosa. Muita gente tem preconceito com moradores de rua, [imaginam] que são agressivos, mas ele não. É super brincalhão. Se dá bem com todo mundo”, diz Hariel Victor, 21, funcionário de uma loja de variedades perto do local.

Honovo não tem celular e nenhuma outra forma de contato. Ele pede, para quem quiser ajudá-lo, que vá até a rua Barão do Rio Branco, em frente do Instituto Doutor José Frota (IJF), e lhe faça uma doação.

Ele diz que a ajuda não precisa ser em dinheiro, pode ser um prato de comida ou materiais para as suas obras.

 O POVO

 

 

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