Tiktoker leva enxurrada de críticas por condenar jovem da geração Z que negou reunião de trabalho para ir à academia

 


A resposta de uma funcionária da geração Z — grupo formado por pessoas nascidas entre os anos de 1995 e 2010 — para essa situação foi condenada por uma tiktoker dos Estados Unidos chamada Natalie Marie, que tem mais de 1 milhão de seguidores nas redes. E ela acabou levando uma enxurrada de críticas pela reação.

Tudo começou durante a transmissão do podcast apresentado pela influencer, que aborda situações inusitadas no local de trabalho. Uma ouvinte pediu a opinião dela sobre um funcionário novo que tinha se recusado a participar de uma reunião profissional para ir à academia.

"Quando solicitado a comparecer a uma reunião às 8h, meu novo contratado da geração Z disse: ‘Urgh, desculpe, não posso ir. Eu tenho uma aula de ginástica", descreveu a ouvinte.

Natalie reagiu prontamente, condenando a atitude: "Você acabou de começar este trabalho... Eu não dou a mínima para sua aula de ginástica. Além disso, uma aula de ginástica às 8h é tarde demais. Vá treinar às 6h, talvez às 7h."

O comentário gerou revolta entre parte do público, e muitos saíram em defesa da funcionária. Um deles foi outro tiktoker, Alexandre Evidente, cujo vídeo de reação foi assistido mais de 30 milhões de vezes.

"Tenho compromissos fora do trabalho. Vou à academia. Faço exercícios porque me preocupo com minha saúde. Claro, posso fazer um sacrifício para ir a uma reunião às 8h, se soubesse pelo menos uma semana antes que precisava", comentou.

Mas, afinal, qual seria a atitude correta? O g1 conversou com um advogado especialista em direitos trabalhistas e com uma professora de gestão de equipes colaborativas para explicar:

1. A empresa pode exigir presença em reuniões fora do expediente?

Se os encontros estiverem na previsão contratual, sim. Caso contrário, o recomendado é que empresas e funcionários estabeleçam acordos prévios.

➡️ Vale ressaltar que as reuniões em horários diferentes do estabelecido em contrato não podem ser habituais e nem devem comprometer a vida pessoal do empregado, afirma o advogado especialista em direito trabalhista Maurício Veiga.

No caso do podcast, ao fazer um novo vídeo, se desculpando por reprovar a atitude da funcionária que se recusou a ir à reunião, Natalie Marie mostrou a mensagem da ouvinte que trouxe o caso à tona.

Nela, a chefe apontava que a reunião das 8h acontece a cada três meses e que todos são informados sobre isso quando assinam o contrato. Mas não fica claro quando a data do encontro é informada.

A chefe contou ainda que o evento acontece para incluir equipes que estão em locais (e, portanto, fusos horários) diferentes, na Europa e na Índia.

2. Posso ser demitido por justa causa ao não participar?

Apesar da realização de encontros fora do horário de expediente fazer parte da rotina de algumas empresas, a não participação dos funcionários não pode gerar demissões por justa causa e nem mesmo advertências, segundo Maurício Veiga.

Porém, no Brasil, o empregador pode demitir sem justificativa e pagar as verbas rescisórias.

3. Recebo hora extra ao participar de reuniões fora do expediente?

Sim. Quando os encontros ocorrem em horários diferentes dos estabelecidos em contrato, as horas extras precisam ser remuneradas ou entrar no banco de horas a serem compensadas, orienta o advogado.

4. Como as reuniões fora do expediente devem ser marcadas?

O primeiro passo é ter um diálogo e ser flexível, sugere Mariana Malvezzi, professora de gestão de equipes colaborativas da ESPM.

É preciso ter em mente que os funcionários têm seus compromissos pessoais. Por isso, entrar em comum acordo para a definição das datas, de forma antecipada, é necessário para haver um planejamento.

"A geração Z é desprendida, sem muita ambição. Diferente das gerações anteriores, ela tem uma preocupação maior em buscar um equilíbrio entre profissional e pessoal. As empresas precisam entender essa realidade para cativá-los e criar identificação", afirma Mariana.

5. Como evitar conflitos entre gerações no ambiente de trabalho?

A percepção de mundo entre a geração Z e os millennials, nascidos entre 1983 e 1994, é um pouco diferente. Isso se deve principalmente às condições socioambientais e tecnológicas em que elas estavam inseridas durante a infância, explica a professora de gestão de equipes.

📱 A geração que marcou a virada de século, por exemplo, cresceu em um ambiente superconectado, fato que desencadeou um perfil desprendido, flexível e que preza pela saúde mental.

💼 Já os millennials tendem a ser mais adaptáveis, segundo Mariana. Por isso, aceitam com maior facilidade as diretrizes corporativas.

"A saída é o diálogo. Afinal, as empresas precisam dos serviços prestados pelas diferentes gerações para se manter", explica Mariana.

Ainda segundo a professora, em meio às diferenças, é importante que as empresas garantam um ambiente receptivo para cativar as diferentes gerações e evitar ambientes hostis.

Vídeo apagado e pedido de desculpas

Natalie acabou apagando o vídeo do podcast de suas redes sociais, mas o caos já havia se instalado.

O tiktoker Alexandre Evidente publicou um vídeo de reação, com trechos da fala de Natalie, se colocando na posição da funcionária da geração Z. Foi assistido por mais de 30 milhões de vezes.

"Tenho compromissos fora do trabalho. Vou à academia. Faço exercícios porque me preocupo com minha saúde. Claro, posso fazer um sacrifício para ir a uma reunião às 8h, se soubesse pelo menos uma semana antes que precisava", disse.

Diante da repercussão, no último sábado (22), Natalie usou as redes do podcast "Demoted" para se desculpar.

Nele, ela alega que não tolera que as pessoas trabalhem fora do horário de contrato, mas que se tratava de uma reunião agenda trimestralmente e previamente comunicada

G1

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