Onda de calor: educador de Ribeirão Preto explica como altas temperaturas prejudicam processo de aprendizado

Onda de calor faz cidades registrarem temperatura acima dos 40ºC  — Foto: Gabriel Bukalowski
 

 

Nas salas de aulas de Ribeirão Preto (SP), crianças e adolescentes lidam com o desafio de manter o foco e raciocínio com um corpo superaquecido. De acordo com o especialista em educação, José Eduardo de Oliveira, as dificuldades se relacionam à abrupta mudança da temperatura.

"Nós seres humanos somos organismos que chamamos de homeotérmicos, ou seja, a gente não gosta de variação [de temperatura], nem para mais, nem para menos", aponta.

No início da semana, um alerta laranja por conta da terceira onda de calor foi emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Segundo o instituto, o grau de severidade apontado pelo alerta indica perigo.

Entenda, abaixo, como as altas temperaturas prejudicam o processo de aprendizado.

Onda de calor faz cidades registrarem temperatura acima dos 40ºC 

Como o calor age no organismo?

Com o aumento da temperatura corporal, que deve ficar na média dos 36 ºC, o organismo começa a apresentar sintomas que indicam a necessidade de resfriamento. Um dos primeiros sinais de alerta é a transpiração.

"Toda vez que existe uma variação o organismo tem alguns termostatos naturais e ele vai lançar mão desse processo de termorregulação. O organismo vai retirar água do nosso organismo e provocar a transpiração. Isso tende a refrescar o corpo, mas leva também à desidratação", explica Oliveira.

Devido à transpiração, o corpo é levado a um estágio de desidratação em que os mineiras presentes no organismo são expelidos. Uma das regiões mais afetadas pelo calor é o hipotálamo, considerado o elo entre os sistemas endócrino e nervoso.

"Essa desidratação vai levar a gente à perda de minerais, sódio, potássio, magnésio. Essa perda de minerais e perda de água vai bagunçar e deixar o nosso hipotálamo sem aquela percepção que ele precisaria ter e isso vai afetar diretamente o raciocínio lógico", afirma.


Qual prejuízo no aprendizado?

A desidratação e o desregulo do hipotálamo apresentam consequências, como a perda da capacidade de raciocinar corretamente, o desânimo e a tendência à prostração, destaca o especialista.

"Essa bagunça no hipotálamo leva a gente a esse sintoma de prostração, de desânimo, perda do raciocínio lógico. A gente não consegue prestar a atenção, não consegue raciocinar corretamente e aí, obviamente, que a criança e o adolescente fica no prejuízo", diz.

Ainda segundo Oliveira, a intensidade do calor, em ambientes escolares que não contam com aparelhos de ar-condicionado, tornam as salas de aulas insalubres para a boa prática pedagógica.

"Quando a gente pensa no ar condicionado pode parecer que é um item de luxo, mas na escola pública não, principalmente em regiões como a nossa, de Ribeirão Preto, que tem temperatura acima da média, acaba sendo um item de primeira necessidade", afirma.

G1

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