Filipe Rodrigues, Miguel Felipe e Rayssa Santos — Foto: Reprodução |
A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí apurou que Filipe enganou o tráfico da comunidade do Castro, em Niterói, ao se passar por policial militar e pedir R$ 50 mil para identificar e entregar um suposto informante.
Segundo as investigações, no meio do processo os traficantes descobriram que Filipe nunca tinha sido policial e decidiram matá-lo.
O preso é Wesley Pires da Silva Sodré, que segundo a polícia tem envolvimento com o tráfico e participou do plano para matar Filipe. O outro procurado era Lucas Lopes da Silva, o Naíba, apontado como chefe do tráfico do Castro e suspeito de ser o mandante.
A polícia ainda busca informações sobre quem atirou na família.
Entenda a trama
A Delegacia de Homicídios afirma que Filipe participou de uma trama contra uma pessoa que hoje consta como desaparecida e provavelmente está morta. O nome dela não foi divulgado.
De acordo com os investigadores, no início de março Filipe procurou Naíba e garantiu ter detalhes sobre um “x-9”, como informantes da polícia são chamados.
Filipe forneceu dados e o endereço desse suposto infiltrado, pelos quais recebeu R$ 11 mil, em 2 parcelas.
Em 15 de março, segundo a apuração da delegacia, Filipe armou uma emboscada para o informante, e Wesley participou da captura.
Nos 2 dias seguintes, enquanto Filipe cobrava os R$ 39 mil restantes do acordo, Naíba descobriu que ele era somente um gesseiro e um motorista de aplicativo.
O traficante mandou matá-lo, de acordo com a polícia, por achar que Filipe tinha muitas informações sobre a quadrilha e poderia comprometer seus negócios.
Assim, no 17 de março, Filipe foi avisado que Wesley entregaria o resto do pagamento, mas já era a emboscada. O ponto de encontro foi modificado diversas vezes por Wesley, a fim de atrair Filipe até a comunidade do Castro.
Filipe foi com a mulher e o filho de colo, e todos acabaram baleados.
‘Empréstimo’
Nos dias após o crime, surgiu a hipótese de que Filipe foi morto por causa de um empréstimo de R$ 5 mil. Parentes contaram que Filipe tinha dito por alto que “iria pegar R$ 5 mil” para dar de entrada na compra de uma casa.
A família não sabia de onde esse dinheiro viria: se era um empréstimo dado por Filipe a alguém, se era o valor não pago de um trabalho com gesso ou se Filipe ainda iria contrair essa dívida.
Esses R$ 5 mil, na verdade, seriam os R$ 50 mil acertados com o tráfico, dos quais R$ 11 mil foram pagos.
O dia do crime
O local do crime, no Baldeador, em Niterói, fica a cerca de 15 km do Pacheco, em São Gonçalo, onde a família morava.
Rayssa e Filipe Miguel tinham passado o domingo em Santa Izabel, na área rural de São Gonçalo, em um almoço com parentes. Filipe ficou rodando a trabalho com um Voyage recém-alugado.
Por volta das 17h, Filipe foi buscar a mulher e o filho em Santa Izabel, e todos seguiram para casa, a cerca de 5 km dali, no Pacheco — onde dividem o terreno com outros parentes.
Um deles é o padrasto de Rayssa, que afirmou ter visto a enteada, o genro e o neto em casa, por volta das 18h, quando a jovem foi encher galões d’água.
O padrasto, porém, não reparou quando, mais tarde, os 3 saíram com destino a Niterói. Ele disse apenas, após ser comunicado do crime, que encontrou a casa da enteada “com luzes acesas e o ar-condicionado ligado”. Uma chupeta de Miguel Filipe também foi deixada na residência.