Agressivo e cardiotóxico: veja os riscos do peeling de fenol, 'cirurgia química' feita em homem que morreu em SP

 Morador de Pirassununga, empresário Henrique Silva Chagas, que morreu após realizar peeling de fenol em clínica de SP — Foto: Reprodução/Facebook

 

 

Caracterizado por ser uma cirurgia química, o peeling de fenol é um procedimento que consiste na aplicação de uma solução cáustica que provoca a queimadura e descamação da pele. Apesar de ser uma técnica antiga utilizada para suavizar rugas e manchas, pode trazer diversos riscos à saúde

Em São Paulo, o empresário Henrique Silva Chagas, de 27 anos, morreu após realizar o procedimento na segunda-feira (3). O peeling foi feito na clínica de uma esteticista e influenciadora.

Emerson Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), explica que a técnica causa uma queimadura profunda na pele e que exige cuidado.

"Atualmente, há muito pouca seriedade com relação a esse procedimento. É preciso sempre ter em mente que ele pode gerar complicações", analisa.

Os especialistas também alertam que o peeling não é a solução para todos os tipos de problema de pele e não é indicado para todos. Segundo a coordenadora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Edileia Bagatin, o procedimento deve ser feito somente por profissionais especializados.

⚠️Nesta reportagem, você entende os seguintes pontos sobre as consequências do peeling de fenol:

  • Exposição ao sol depois da realização do procedimento pode levar ao escurecimento da pele;
  • Cicatrizes deixadas pela técnica podem ser permanentes e prejudicar o funcionamento de estruturas do rosto;
  • Além das consequências estéticas, a substância pode causar problemas como a alteração da frequência cardíaca e até a morte.

Risco de manchas permanentes

Por ser um procedimento que gera uma queimadura profunda, ele exige um cuidado alongado no período pós-operatório.

"O rosto é queimado de maneira controlada, mas, no processo de cicatrização, a pele fica avermelhada, condição que pode durar por até três meses", explicada Emerson Lima.

Nos 15 dias que se seguem à cirurgia, o paciente enfrenta a descamação do local onde a solução foi aplicada. A pele começa a se soltar, formando uma casca no rosto.

Nesse processo, há um alto de risco de manchas permanentes na pele, caso não haja o devido cuidado. Os especialistas alertam que a exposição ao sol, por exemplo, pode escurecer a região de maneira irreversível.

Lima também comenta que, se o procedimento não é realizado da forma adequado, pode deixar a pele esbranquiçada.

Um ponto ressaltado pelos dois especialistas é que a técnica deve ser aplicada somente em algumas situações específicas.

"O peeling não é indicado para resolver todos os problemas de pele. No caso de quem tem melasma, por exemplo, são pessoas com peles com tendência a manchas e o procedimento pode piorar ainda mais o problema", alerta Emerson.

Comprometimento de estruturas do rosto

Outro risco apontado pelos dermatologistas é o de surgimento de cicatrizes permanentes depois do processo.

De acordo com Edileia Bagatin, a cirurgia é recomendada somente para rugas, e não funciona para suavizar cicatrizes, podendo agravar as marcas.

Além da questão estética, as cicatrizes podem ser profundas a ponto de gerar alterações funcionais, isto é, comprometer o funcionamento de estruturas do rosto.

"Quando o procedimento não é realizado corretamente, pode fazer com que a pessoa tenha dificuldade para movimentar as pálpebras ou abrir a boca com naturalidade", exemplifica o dermatologista Emerson Nunes.

Consequências para o sistema cardíaco

Além das consequências estéticas de manchas e cicatrizes permanentes, o peeling de fenol pode ser prejudicial para o sistema cardíaco. Isso porque a substância é considerada cardiotóxica, ou seja, tem um efeito nocivo no funcionamento do coração.

🫀O fenol pode provocar alterações na frequência cardíaca, levando à arritmia e, até, a uma eventual parada cardíaca, caso o quadro não seja monitorado.

"O procedimento pode ser feito em ambulatório se a concentração for menor apenas em área da face, mas o paciente precisa estar sempre monitorado", recomenda Edileia Bagatin.

Considerando os riscos da técnica, os dermatologistas também lembram que o procedimento não é indicado para todas as pessoas.

❗Entre os grupos considerados de risco, eles destacam:

  • Pessoas com problemas cardíacos ou pressão arterial descontrolada, pela probabilidade de a substância sobrecarregar o coração;
  • Pessoas de fototipo alta, isto é, pele mais morena, pelo risco de hiperpigmentação inflamatória e aparecimento de manchas esbranquiçadas na pele.
"Por isso, o procedimento precisa ser realizado por um médico que consiga intervir em caso de qualquer complicação, durante ou depois da cirurgia", recomenda Emerson Lima.

Médica explica o que é peeling de fenol e quais as recomendações

 
 
 
 

 

Postagens mais visitadas