Preso por matar idoso com 'voadora' chora e pede desculpas de joelhos em reconstituição do crime

Preso por matar idoso com 'voadora' chora em reconstituição do crime em Santos (SP) — Foto: Silvio Luiz/A Tribuna Jornal e Arquivo Pessoal
Preso por matar idoso com 'voadora' chora em reconstituição do crime em Santos (SP) — Foto: Silvio Luiz/A Tribuna Jornal e Arquivo Pessoal
 

 

A reconstituição do crime aconteceu na quinta-feira (13). O trabalho contou com a presença de Tiago, Eugênio Malavasi [advogado dele], um promotor do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e autoridades policiais. O filho da vítima, Bruno Cesar Fine Torresi, também participou.

Durante o procedimento, três versões foram reproduzidas: do autor do crime, do neto da vítima e de uma testemunha - um médico que auxiliou nos primeiros socorros de Cesar e viu apenas parte do ocorrido.

Reconstituição

Durante a reconstituição do caso, o suspeito alegou ter sofrido um 'ataque de fúria' diante da atitude da vítima em adverti-lo por ter avançado com o carro contra ela e o neto.

Tiago relatou à polícia que não teve a percepção se havia machucado ou não o idoso quando 'avançou' com o veículo. Ainda de acordo com o suspeito, a vítima e o neto continuaram a caminhar após a 'discussão'.

Tiago participou da reconstituição do crime e simulou como foi a agressão contra o idoso, em Santos (SP) — Foto: Brenda Bento/g1
Tiago participou da reconstituição do crime e simulou como foi a agressão contra o idoso, em Santos (SP) — Foto: Brenda Bento/g1


"Ele [Tiago] nem estacionou o carro. Simplesmente desceu, deixou a chave ali e foi atrás do senhor. Ele diz que houve uma discussão. O neto diz que não", explicou a delegada Liliane Lopes Doretto, do 3° Distrito Policial da cidade.

Para Liliane, a reconstituição serviu para ilustrar os fatos e esclarecer incoerências nos depoimentos. No entanto, ela reforçou que o inquérito policial ainda não foi concluído. "Estou aguardando os laudos periciais. Acredito que ainda haverão mais testemunhas, e estou na esperança de haver alguma imagem", acrescentou ela.

Ataque de raiva

De acordo com a delegada, Tiago disse à polícia sofrer de transtornos psicológicos. O homem alegou também que, embora faça tratamento com medicamentos, sofreu um 'ataque de fúria' na data dos fatos.

"Não conseguiu se controlar e por isso assim agiu. [Disse] que na hora se arrependeu e até fez manobras de ressuscitação na vítima", afirmou Liliane.
Motorista que deu 'voadora' em idoso que morreu após a agressão chorou durante reconstituição do crime — Foto: Brenda Bento/g1 e Arquivo Pessoal
Motorista que deu 'voadora' em idoso que morreu após a agressão chorou durante reconstituição do crime — Foto: Brenda Bento/g1 e Arquivo Pessoal


Segundo a delegada, ainda não foram identificadas imagens que tenham registrado o crime. Além disso, apenas uma testemunha prestou depoimento. Liliane acrescentou, porém, que haviam outras pessoas no local e, por conta disso, ela pediu para que as mesmas compareçam à delegacia para auxiliar na investigação.

"Houve um idoso que até tirou a chave do carro [do Tiago], segundo fontes informais, para ele não fugir na ocasião. Essas pessoas não se solidarizaram em ir à delegacia para prestar depoimento e isso é muito importante para que a gente tenha a busca real dos fatos", disse Liliane.

Motorista que deu 'voadora' em idoso que morreu após a agressão chorou durante reconstituição do crime — Foto: Brenda Bento/g1

Comoção popular

Dezenas de pessoas acompanharam a reconstituição do crime no local e pediram por justiça. Para a delegada, o procedimento foi "bastante tenso" por se tratar de um crime "impactante" e "revoltante". Apesar disso, ela afirmou que o trabalho foi essencial para o inquérito.

"Fiquei bastante preocupada, mas foi um sucesso. A gente teve a oportunidade de contar com policiais maravilhosos, um perito excelente, e toda equipe de fotografia", afirmou Liliane.

A delegada ressaltou que, diante dos fatos, a população tende a ser 'parcial', apesar disso, reforçou a importância da imparcialidade da corporação no trabalho.

"Foram momentos tensos. A gente se solidariza com as partes, com a família. É muito triste, não tem como dizer que você não fica preocupada o tempo todo com a rigidez física do autor do fato", finalizou.

Defesa do indiciado

Tiago auxiliou autoridades e Polícia Científica durante reconstituição da agressão que resultou na morte de idoso, em Santos (SP) — Foto: Brenda Bento/g1
Tiago auxiliou autoridades e Polícia Científica durante reconstituição da agressão que resultou na morte de idoso, em Santos (SP) — Foto: Brenda Bento/g1


O advogado Eugênio Malavasi, que representa Tiago, afirmou ao g1 que o cliente reproduziu o caso de acordo com o depoimento prestado à autoridade policial na delegacia.

Segundo o advogado, Tiago confessou a agressão e relatou que faz uso de medicamentos prescritos por psiquiatra. Ele disse ainda que a defesa não busca impunidade.

"A defesa vai buscar o que é justo", explicou Malavasi. "Não houve homicídio na visão defensiva. Houve sim uma lesão corporal seguida de morte".

O advogado afirmou, ainda, que entrará com um pedido de prisão domiciliar por causa do problema psiquiátrico de Tiago, que é pai de três crianças.

Quem era a vítima?

"Nesse final de semana meu pai veio nos visitar e estava indo ao shopping passear com meu filho de mãos dadas. [...] A rotina dele era visitar os três [filhos] em cada cidade, pegando os netos e passeando com todos eles", afirmou Bruno.

O caso

De acordo com o boletim de ocorrência, a criança relatou ao pai -- filho da vítima -- que ela e o avô atravessavam a Rua Pirajá da Silva entre os carros, na tarde de sábado (8), porque o trânsito estava parado.

De repente, segundo o menino, um carro avançou na direção deles, freou bruscamente e o idoso se apoiou no capô sem causar danos. No momento em que a vítima e o neto terminaram de atravessar, o motorista foi até eles a pé e deu a voadora, um chute no peito do homem.

A Polícia Militar foi acionada e, ao chegar no local, viu que o idoso era atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A vítima estava desacordada e foi encaminhada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Zona Leste, onde foi intubada, teve três paradas cardíacas e não resistiu.

Prisão de suspeito

Em nota, o advogado de defesa de Tiago, Eugênio Malavasi, afirmou que solicitará um habeas corpus no Tribunal de Justiça do Estado (TJ-SP) para "concessão da liberdade do acusado pela ausência de fundamentos da prisão, que pode ser substituída por medidas cautelares diversas".

Habeas corpus negado

Após a audiência de custódia, no domingo (9), o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) converteu a prisão em flagrante do indiciado para preventiva. A defesa, portanto, entrou com o pedido de liminar, que é uma tentativa judicial provisória para substituir o cárcere por medidas cautelares. 

 

 

(g1)

 

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