Por que o Brasil está destinado a ser o maior produtor mundial de cannabis

 

 

Decisão do STJ permitiu que cânhamo medicinal, uma variação da cannabis, seja cultivado no Brasil
Decisão do STJ permitiu que cânhamo medicinal, uma variação da cannabis, seja cultivado no Brasil (Fiocruz/Divulgação)

Nesta semana, o plenário do Superior Tribunal de Justiça (STJ) proferiu uma decisão inédita que permitiu que empresas brasileiras possam cultivar o cânhamo medicinal — uma variação da cannabis — em solo nacional. Hoje, o mercado depende da importação da matéria-prima, o que aumenta bastante o preço que chega aos pacientes.

A decisão da Corte, da quarta-feira, 13, atendeu a um pedido da DNA Soluções em Biotecnologia. A CEO da companhia, a farmacêutica Kiara Carolina Cardoso, envolvida há anos com a causa, disse que a vitória na Justiça conduz o Brasil para ser um dos maiores produtores mundiais da medicação. “O país vai ter mais liberdade para fazer pesquisas”, disse a VEJA.

Leia os principais trechos da entrevista a seguir.

Qual é a importância histórica do julgamento do STJ? É a primeira vez que temos uma autorização que permite que as empresas, principalmente a DNA Soluções em Biotecnologia, que vai ser a primeira, a cultivarem uma variedade de cannabis para fins medicinais. É um momento único do Brasil, porque abre uma nova frente para facilitar o uso, tanto do SUS quanto da população, de uma medicação com um custo mais possível.

A estimativa é  que as medicações fiquem quanto mais em conta? Ainda não é possível ter valores exatos, mas a redução vai ser grande porque não será mais uma matéria-prima importada. Tudo vai ser feito dentro do país, então vai haver uma diminuição de custos muito grande. Esperamos uma redução de mais de 40% dos valores, mas temos que aguardar o segundo passo, que são as normativas da Anvisa e do Ministério da Agricultura.

Quais são os tratamentos mais procurados através da cannabis medicinal hoje? Principalmente a epilepsia de difícil controle, o Alzheimer, autismo, dores crônicas, ansiedade, depressão, fibromialgia, doenças relacionadas tanto à parte neurológica quanto física. Normalmente a medicação é feita em gotas, que facilita a definição da dosagem, mas pode ser sublingual ou em cápsulas gelatinosas também.

A decisão vale para todas as empresas? É uma autorização que global. Vale para todas as empresas, mas elas também terão que passar pelos trâmites jurídicos.

Qual é a expectativa de vocês para as normativas que virão da Anvisa e do Ministério da Agricultura? Acreditamos que farão regras muito cuidadosas, que tenham bastante controle sobre a produção e tragam as informações necessárias.

Como você vê os próximos passos do Brasil em relação à cannabis medicinal? A cannabis medicinal hoje é aceita por mais de 60% dos brasileiros. Todo mundo entende o que ela é e como ela pode ajudar em diversas patologias. O brasileiro está muito bem informado sobre os benefícios da cannabis medicinal. A decisão não é só uma questão de trazer conhecimento, o Brasil vai ter mais liberdade para fazer pesquisas e vai se tornar, no futuro, um dos maiores produtores do mundo.

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