O processo de transição de governos em Sobral vive momentos de tensão nos últimos dias entre a atual gestão, de Ivo Gomes (PSB), e a equipe do prefeito eleito Oscar Rodrigues (União Brasil). Enquanto o futuro gestor acusa a equipe do atual prefeito de demora na entrega de documentos oficiais, o grupo do irmão de Cid Gomes (PSB) afirma que enviou todos os dados solicitados e ainda alegou “inexperiência” por parte da equipe de Oscar.
Nesta última terça-feira (19), o prefeito eleito e deputado estadual Oscar Rodrigues publicou nas suas redes sociais que a equipe atual fez uma “série de reuniões de gentilezas”, mas que o processo ainda estava “longe de ser considerado efetivo”.
De acordo com o próximo executivo de Sobral, após várias reuniões nenhum documento foi entregue por parte da equipe da atual gestão, sendo feito apenas em 13 de novembro, 20 dias após a solicitação, e ainda de forma incompleta. “Por isso, foi realizada representação aos órgãos estatais de controle e fiscalização para o acompanhamento da transição no nosso município”, disse o deputado do União Brasil.
Ainda segundo Oscar, as informações que faltavam seriam sobre um empréstimo de U$ 50 milhões de dólares entre a Prefeitura de Sobral e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), um convênio de R$ 420 milhões de reais com o Instituto de Gestão de Saúde (IGS), e a lista com nomes e locais de trabalhos de todos os terceirizados que, somados, custariam quase R$ 112 milhões de reais.
Versão da Prefeitura
Na manhã desta quarta-feira
(20), a Prefeitura de Sobral publicou uma nota na qual confronta as
declarações divulgadas pelo próximo prefeito a respeito da falta de
informações. Segundo a gestão, foram enviados 3.131 arquivos organizados
em 2.795 pastas, dentre as quais continham os documentos referentes ao
empréstimo junto ao CAF, o convênio com o IGS e as informações sobre
terceirizados.
A Prefeitura julga que a equipe de transição de Oscar não conseguiu localizar os documentos diante do extenso número de arquivos enviados e ainda alegou que faltaria experiência para os componentes do grupo.
“Diante do volume considerável de dados enviados e da clareza com que foram separados, acreditamos que, talvez, a equipe de transição, cujos 10 membros não têm experiência em gestão pública, ainda não tenha conseguido localizar as informações”, escreve a Prefeitura atualmente comandada por Ivo Gomes.
Troca de coordenador
A equipe de transição de
Oscar Rodrigues já havia sido parte de outra polêmica, desta vez de
caráter interno. O antigo coordenador do grupo Luciano Linhares,
ex-vereador de Sobral e conhecido por ser oposição a família Ferreira
Gomes, deixou a equipe de transição no último dia 9 de novembro por
conta de “divergências na forma de condução dos trabalhos da equipe”,
segundo ele.
Em nota, Linhares agradeceu pela oportunidade e comunicou que sua renúncia teria sido feita em respeito aos seus princípios e a cidade de Sobral. “Mesmo correndo o risco de errar, a minha contribuição e as minhas ações sempre serão pensando e buscando o melhor para a nossa Sobral”, declarou. O ex-vereador havia sido também o coordenador geral da campanha de Oscar nas eleições.
Por sua vez, o novo mandatário lamentou a saída do ex-governador em nota divulgada no dia 11 de novembro. Rodrigues destacou que a renúncia teria sido feita de forma “totalmente respeitosa”. “Agradecemos ao Sr. Luciano Linhares por suas contribuições durante o seu trabalho na equipe. A equipe permanece unida e engajada, dando continuidade ao importante trabalho de transição com os demais membros”, afirmou o prefeito eleito.
Para substituir Linhares, o designado para a função de coordenador da transição foi advogado Gustavo Judhar, que foi responsável pela assessoria jurídica da campanha de Oscar.