
O Ministério Público Estadual (MPCE) denunciou nessa quarta-feira, 19, seis homens suspeitos de envolvimento na morte do subtenente da Polícia Militar do Ceará (PM-CE) Celestino Cursino de Abreu Filho, de 48 anos. O crime foi registrado no último dia 21 de setembro na comunidade dos Cocos, localizada no bairro Praia do Futuro II, em Fortaleza.
Celestino
foi encontrado inconsciente por policiais militares em uma casa da
comunidade dos Cocos. Ao redor do pescoço dele, havia um fio de nylon.
Mesmo sendo socorrido por policiais militares a uma Unidade de Pronto
Atendimento (UPA), ele não resistiu.
As investigações da 11ª Delegacia do Departamento de Homicídios e
Proteção à Pessoa (DHPP) localizaram câmeras de vigilância que mostram
que o carro de Celestino adentrou na comunidade dos Cocos por volta das
15h50min.
O veículo estava junto a um carro modelo Chevrolet Cruze LT,
onde estariam José Jefferson Almeida Nascimento; Girleno Evangelista
Leitão, conhecido como “Salsicha”; Paulo José Melo da Silva, conhecido
como “Paulinho”; e Alessandro Ikaro Pereira da Silva.
Apesar de, inicialmente, ter havido a denúncia de que Celestino havia sido sequestrado, os policiais civis não conseguiram concluir, com certeza, se ele foi rendido à força ou não.
“As circunstâncias exatas do
arrebatamento permanecem incertas, e, até o presente momento, não há
elementos suficientes para determinar com precisão se a vítima estava
sendo coagida ou se foi induzida a acompanhar os autores de forma
voluntária”, consta em relatório do 11º DHPP.
O primeiro acionamento da Coordenadoria Integrada de Operações de
Segurança (Ciops) só veio a ocorrer às 18h08min, ou seja, mais de duas
horas depois após o carro do PM ingressar na comunidade.
O crime teria sido cometido a mando de Júlio César dos Santos Gomes, o “Boroa”. Ele é apontado como chefe da facção criminosa Comando Vermelho (CV) na região. Além disso, a casa onde o PM foi assassinado pertencia a Júlio César,
Ele, assim como todos os outros suspeitos, negou envolvimento com o crime. Júlio César afirmou à Polícia ter deixado o imóvel onde o homicídio ocorreu com a porta encostada para que uma pessoa que tinha interesse em alugá-lo pudesse vistoriar a casa.
Elber Costa da
Silva também foi denunciado pelo crime, já que, conforme a denúncia, ele
conduziu o carro que deu fuga a José Jefferson e Paulo José, que foram
esconder-se em Beberibe (Litoral Leste do Estado).
Elber
também negou envolvimento com o crime, mas disse que “soube depois que o
policial militar estaria realizando a entrega de drogas no local” e que
“integrantes do Comando Vermelho descobriram um desvio de
aproximadamente 8 milhões de (reais em) drogas da organização
criminosa”.
Para o MPCE, foi este o motivo do crime, o que levou o órgão
ministerial a apresentar contra os acusados a qualificadora de homicídio
por motivo torpe. Também qualificaram a acusação o emprego de tortura
(art. 121, §2º, III, do Código Penal) e o uso de recurso que impediu a
defesa da vítima (art. 121, §2º, inciso IV, do Código Penal).
A 1ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza ainda decidirá se recebe ou não a denúncia.
Subtenente era investigado por suposta ligação com traficantes
Na
edição dessa quinta-feira, 20, do Diário Oficial do Estado, foi
publicada portaria que anuncia o arquivamento de um conselho de
disciplina que havia sido instaurado para apurar condutas atribuídas a
Celestino.
O subtenente era investigado por homicídios e envolvimento com
traficantes de drogas, conforme o texto da portaria da Controladoria
Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD).
Pelo
menos, três inquéritos policiais, instaurados entre 2009 e 2011,
citavam supostos crimes praticados por Celestino, de acordo com o
Relatório Técnico 007/2022, da Célula de Contrainteligência, da
Coordenadoria de Inteligência, da Secretaria da Segurança Pública e
Defesa Social (SSPDS).
Entre as acusações existentes, havia
um episódio em que o subtenente teria composto um grupo que “metralhou” a
casa da mãe de um traficante de drogas do bairro Jardim das Oliveiras
em 2009. Celestino negava todas as acusações.
Ele havia sido indiciado no Inquérito Policial Militar nº 437/2022 pelo crime de associação a organização criminosa, mas não havia sido denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPCE). O subtenente estava afastado da corporação há cerca de seis meses quando foi morto.
O POVO