Ceará registra o maior índice de violência contra a mulher dos últimos cinco anos

 




Em 2024, a cada dois dias uma mulher sofreu algum tipo de violência no Ceará. Foram 207 casos do tipo registrados ao longo do ano, maior número observado desde 2020. Dados são do boletim "Elas Vivem: um caminho de luta", divulgado pela Rede de Observatórios da Segurança nesta quinta-feira, 13.

O documento traz dados de outras oito unidades federativas: Amazonas (AM), Bahia (BA), Maranhão (MA), Pará (PA), Pernambuco (PE), Piauí (PI), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). 

Considerando todas as regiões monitoradas, foram registradas 4.181 mulheres vitimadas, representando um aumento de 12,4% em relação a 2023. Dentre os crimes, 531 foram classificados como feminicídios, o que significa dizer que, a cada 17 horas, uma mulher morreu em razão do gênero. 

Veja ranking de casos por estado monitorado em 2024:

  • São Paulo: 1177
  • Rio de Janeiro: 633
  • Amazonas: 604
  • Pará: 388
  • Maranhão: 365
  • Pernambuco: 312
  • Bahia: 257
  • Piauí: 238
  • Ceará: 207

No ranking entre estados, o Ceará fica em último. Casos registrados pela unidade federativa anualmente foram: 199 (2020), 160 (2021), 161 (2022), 171 (2023) e 207 em 2024. Entre o ano passado e o anterior o crescimento foi de 21.05%.

Entre os tipos de violência, os mais registrados foram homicídios (46) e feminicídios (45). No geral, o perfil das vítimas são mulheres entre 18 a 39 anos. Já parceiros e ex-parceiros cometeram 56 das violências. Houve ainda um caso de transfeminicídio observado no Estado.

"Essa sociedade pautada muito no masculino, nessa ideia de que o universal é masculino, nessa fronteira do público e do privado também, as relações afetivas, as relações domésticas de companheiros e companheiras, acabam tendo esse caráter em que a mulher é colocada como uma posse do homem. Isso aparece não só na autoria dos crimes, como também na parte das motivações, a gente consegue também ilustrar isso: temos um quantitativo significativo de mulheres vitimadas por conta de ciúme e por não aceitação do término do relacionamento", diz o coordenador da pesquisa, Jonas Pacheco.

Combate a crimes contra mulheres no Ceará

Procurada pelo O POVO, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que o Ceará registrou 41 ocorrências de crimes de feminicídios em 2024, número que em 2023 foi de 42, conforme painel dinâmico da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp). 

Pasta ainda frisou a sanção feita pelo Governo do Ceará no último dia 8 de março, da lei de criação da 2ª Delegacia da Mulher de Fortaleza, equipamento exclusivo ao público feminino.

"Como parte da nova reestruturação das Forças de Segurança do Ceará sancionada, em dezembro de 2024, pelo governador Elmano de Freitas, a SSPDS, por meio da Coordenadoria de Defesa Social (Codes), responsável pelo fortalecimento dos laços de cooperação entre a sociedade e a segurança pública, terá dois novos setores de Apoio aos Grupos Vulneráveis e de Combate à Violência contra a Mulher", pontua.

Pasta cita ainda o lançamento, em agosto de 2023, do sistema de solicitação de medidas protetivas de urgência de forma virtual através do site mulher.policiacivil.ce.gov.br.

Secretaria também destaca as dez unidades das Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) mantidas pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) em Fortaleza, Maracanaú, Caucaia, Pacatuba, Crato, Iguatu, Juazeiro do Norte, Icó, Sobral e Quixadá.

Na Capital, vítimas podem contar com suporte jurídico, psicológico e social na Casa da Mulher Brasileira.

"No âmbito da Polícia Militar do Ceará (PMCE), o Grupo de Apoio às Vítimas de Violência (Gavv) do Comando de Prevenção e Apoio às Comunidades (Copac) presta suporte contínuo às mulheres e demais integrantes dos grupos vulneráveis. Em média, 2.500 atendimentos permanentes são realizados mensalmente", aponta pasta.




(O Povo)

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