Barracas na Praia do Futuro são derrubadas durante operação contra construções irregulares na faixa de areia

Operação retira parte de barracas na faixa de areia da Praia do Futuro, em Fortaleza — Foto: Nathally Kimberly/SVM
 


Parte das barracas na Praia do Futuro, em Fortaleza, foram derrubadas no início da manhã desta terça-feira (29). A ação ocorreu durante uma operação da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) e da Prefeitura de Fortaleza. O objetivo é retirar construções fixas irregulares na faixa de areia. 

  No local, retroescavadeiras trabalharam para retirar as estruturas irregulares. Por meio de nota, a SPU disse que serão removidos, com auxílio de tratores e retroescavadeiras, as construções irregulares que dificultem a livre circulação na praia.

"A intenção é garantir o livre acesso, circulação ou permanência de banhistas na praia, além de facilitar a visualização e circulação de salva-vidas nos postos de salvamento. Há ainda o objetivo de possibilitar o acesso de viaturas de fiscalização patrimonial, ambiental, trânsito, policiais ou de salvamento do corpo de bombeiro ou SAMU."

As barracas da Praia do Futuro foram reconhecidas como patrimônio cultural brasileiro em janeiro. A lei reconhece a relevância cultural, social e econômica das barracas e atividades dos barraqueiros, além da contribuição para a identidade local e nacional.

As barracas retiradas ofertavam serviços de consumação de bebidas e comidas e também massoterapia. À TV Verdes Mares, testemunhas informaram que esta é a primeira fase da operação. Equipes policias acompanharam a ação.

De acordo com a Associação de Empresários da Praia do Futuro, o objetivo era liberar toda a área da praia que estivesse na mesma linha das cabines de guarda-vidas, porque as estruturas estavam dificultando a passagem e monitoração.

"Não é uma ação de remoção de barraca. É uma ação de liberação do espaço de circulação (...) Não é nenhuma ação contra uma barraca, nem nada. Foi uma ação muito tranquila. Foi tirado de maneira geral barraquinhas de ambulante, vendedores de bebida", disse uma representante da Associação de Empresários da Praia do Futuro.

Retroescavadeira em operação para retirada de barracas na faixa de areia da Praia do Futuro, em Fortaleza — Foto: Nathally Kimberly/SVM


A massoterapeuta Manoela Oliveira, que trabalha com serviços de massagens na praia, conta que não recebeu nenhum aviso para se preparar para a retirada:

"Aqui são várias barracas, tanto de massoterapeuta - como eu sou - como tenda de caipirinhas. Nós trabalhamos aqui há muitos anos, não é de agora. Não fomos avisados. A gente veio sem saber o que estava acontecendo. Quando chegamos aqui vimos a polícia, a Guarda Municipal, e já estavam derrubando tudo. Eles deram pouco tempo para retirarmos as macas. Não explicaram nada. Dentro de onde trabalho, são 11 mulheres mães de família. Não temos outro meio de ganho. É muito difícil", comentou durante entrevista à TV Verdes Mares.


Por meio de nota, a Secretaria do Patrimônio da União disse que realiza a primeira fase da operação Praia Livre nestas terça e quarta-feira (29 e 30).

Ainda de acordo com o órgão, a operação segue recomendação do Ministério Público Federal que "orientou a retirada de qualquer obstáculo de acesso à praia para que sejam mantidos permanentes corredores que permitam a livre circulação das pessoas, além da demolição de qualquer construção não autorizada na faixa de areia".

"Essa é uma operação que já vem sendo recomendada há vários anos pelo Ministério Público Federal, já determinado pela Justiça Federal, que a faixa de praia precisa estar livre para o ir o ir e vir das pessoas. A faixa de praia, hoje ela está sendo muito ocupada, atrapalhando as equipes de salvamentos. Tem momentos que a maré está cheia aqui na Praia do Futuro que não passa nenhum veículo de salvamento. Nós sempre notificamos, sempre informamos, que tanto barraqueiros não podem avançar, como também outros comerciantes que colocam estrutura fixa", explicou Fábio Galvão, superintendente da SPU-CE.


Patrimônio cultural brasileiro

Algumas estruturas chegam a ocupar até 4 mil m², oferecendo uma ampla variedade de serviços, como restaurantes, terraços, piscinas, parques infantis, massagem e rede wi-fi. Anualmente, as estruturas recebem, em média, 3,5 milhões de visitantes, dos quais 600 mil são turistas.

Barracas da Praia do Futuro recebem 3,5 milhões de visitantes por ano. — Foto: Nilton Alves/SVM

O faturamento médio dessas barracas gira em torno de R$ 300 milhões. Atualmente, o setor é responsável por aproximadamente 15 mil empregos diretos e indiretos, conforme dados da Associação dos Empresários da Praia do Futuro.

Com o reconhecimento do patrimônio, o poder público é responsável adotar medidas para preservar, valorizar e proteger as barracas da Praia do Futuro. De acordo com a lei sancionada, esses esforços devem ser realizados em parceria com a comunidade local, visando garantir a preservação desse importante patrimônio.


Operação faz retirada de construções irregulares na faixa de areia da Praia do Futuro, em Fortaleza — Foto: Nathally Kimberly/SVM



(G1) 

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