Família diz que paciente transplantada foi agredida por enfermeira





Uma enfermeira do Instituto do Coração (Incor) foi afastada da instituição após a família de Vitória Chaves da Silva, de 26 anos, paciente que passou por quatro transplantes de órgãos e morreu em fevereiro deste ano, denunciá-la por agressão. O episódio ocorreu, segundo a família, em 23 de agosto do ano passado.

Em ofício encaminhado ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) um mês depois, o diretor executivo do Incor, Fábio Nakandakare Kawamura, afirmou que o caso seria avaliado pela Comissão de Ética em Enfermagem da unidade, ligada à Faculdade de Medicina da USP.

“Com a conclusão da apuração preliminar […] que confirmou a existência de indícios suficientes de materialidade de falta disciplinar, foi deliberado o desligamento da colaboradora”, diz trecho do documento, obtido pela reportagem.

O diretor do Incor afirmou, na ocasião, que a agressão seria um caso “isolado”, mas que, ainda assim, contribuiu para a reavaliação de seus procedimentos assistenciais, “assim como nos treinamentos de seus colaboradores que trabalham diretamente com pacientes”.

“O Instituto do Coração repudia com veemência qualquer tipo de violência, seja ela física, moral ou psicológica contra seus pacientes ou seus colaboradores e permanece em constante vigilância para coibir tais práticas”, ressaltou, ainda, no ofício.

Em nota enviada nesta quinta-feira (10/4), o Incor afirmou que, na época, instaurou sindicância interna e adotou as “providências cabíveis” assim que tomou conhecimento da denúncia. O hospital ainda disse que “o respeito às pessoas é um valor inegociável do instituto”.

Conforme revelado inicialmente pelo Metrópoles, Vitória é a mesma paciente que se tornou alvo de deboche por parte de estudantes de medicina que acompanhavam seu quadro no Incor pouco antes de sua morte. Em vídeo postado no TikTok, uma das alunas comenta a raridade de uma pessoa ter passado por quatro transplantes: “Acha que tem sete vidas”.

Agressão e maus-tratos

Vitória era acompanhada no Incor desde 2004. Sua última internação começou em 26 de maio de 2023 e durou até o dia em que morreu, em 28 de fevereiro deste ano — 11 dias após as estudantes de medicina zombarem da situação clínica da paciente. Em 23 de agosto de 2024, Vitória teria se envolvido em um conflito e, segundo a família, a enfermeira a agrediu.

Em 9 de outubro, o promotor Julimar Alexandro da Silva, da 6ª Promotoria da Luziânia (GO), encaminhou, em caráter de urgência, cópia de denúncia ao MPSP e solicitou a apuração sobre a agressão física sofrida por Vitória, além de “outras situações de maus-tratos”, durante o período em que ela permaneceu internada no Incor.

Julimar acompanhou o tratamento de Vitória desde o início, contribuindo para que a jovem, residente na cidade goiana, pudesse fazer seu tratamento em São Paulo.

Os referidos maus-tratos mencionados pelo promotor no documento, como foi apurado pela reportagem, seriam gritos de algumas enfermeiras direcionados à paciente.




(Metropoles)

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